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25/06/2023 Variedades são cultivadas em condições climáticas opostas: conilon em lugares mais quentes e arábica em regiões mais frias. Produtor da Região Serrana conseguiu adaptar plantio na mesma área. Família do ES adapta produção de cafés conilon e arábica especiais na mesma propriedade
Uma família de produtores de Santa Teresa, na Região Serrana do Espírito Santo, inovou e conseguiu adaptar a produção de cafés conilon e arábica especiais em uma mesma propriedade. O resultado positivo dessa prática tem um sabor a mais para família por conta de exigências específicas das condições de produção entre os dois tipos de cafés, mas que tiveram êxito num mesmo local.
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Geralmente, o conilon é cultivado em regiões mais quentes e baixas, enquanto que o plantio de arábica costuma ser feito em locais mais frios e com altitudes mais elevadas.
No Espírito Santo, as maiores lavouras de café arábica estão nos municípios da Região Serrana e do Caparaó porque o arábica se adapta melhor em regiões acima de 500 metros de altitude e temperaturas mais amenas, entre 18 e 22°C.
Plantação de café em Santa Teresa, ES
Reprodução/TV Gazeta
Já as lavouras de conilon capixabas ficam nas regiões nas regiões Norte e Noroeste porque a variedade é típica de regiões mais baixas, planas e mais quentes, com temperaturas de até 27ºC.
Na propriedade dos Nardoff, o plantio das duas variedades é feito nos seis hectadores de propriedade a uma curta distância. E um detalhe: a 800 metros de altitude. Ao todo, são 10 mil pés de arábica e 15 mil de conilon. O produtor falou sobre as diferenças no cultivo.
“O conilon, se você olhar direitinho, tem que adubar ele um pouquinho mais, pulverizar mais, tem doenças que pegam aqui no conilon e, às vezes, lá em cima, na lavoura do arábica não pega, não dá. Nem com a mesma adubação, o mesmo trato. Mas o conilon tem que ter um zelo maior com ele sim, um trato melhor”, disse o agricultor Ormindo Nardof.
Pés de café no Norte do ES
Reprodução/TV Gazeta
O produtor disse a aposta no cultivo do café conilon surgiu há quase 20 anos. No início, não deu muito certo, mas ele fez um plantio novo com cinco variedades diferentes, mais resistentes a temperaturas amenas e mais apropriados ao local do plantio da região onde mora.
De acordo com ele, a adubação adequada, baseada na análise do solo, deixa a planta mais forte em relação a doenças.
Nas regiões mais altas, os grãos de conilon amadurecem mais tarde. Por isso, a colheita de conilon na propriedade dos Nardof ainda não começou. Mas a expectativa é de colher 150 sacas, 30 a mais que no ano passado, a partir de meados de julho.
São 15 mil pés de conilon e cada variedade tem um tempo de maturação e uma época diferente de colheita.
Pés de café arábica em propriedade de santa Teresa, ES
Reprodução/TV Gazeta
“Não colhe tudo de uma vez, a gente colhe por clone, porque a gente colocou cinco clones e os clones maduram em diferença. A gente pega em cinco vezes – no caso. Tira o primeiro maduro, depois outro vai chegando, vai chegando, até chegar no último. Mas foi bom, foi bom e está sendo melhor. Uma novidade que muita gente não acredita que a gente faz aqui é o café conilon bebida”, disse o produtor.
Especialistas detalham peculiaridades do cultivo de conilon em regiões frias
Cassio Venturni, pesquisador do Instituto de Pesquisa e Extensão Rural do estado ( Incaper), disse que o Espírito Santo vem avançando em pesquisas sobre o cultivo do café de conilon em regiões mais altas e frias. E em Santa Teresa, muitos cafeicultores de arábica também começaram a cultivar o conilon.
O especialista destaca que acima de 800 metros de altitude o cultivo deve ser feito de forma muito cuidadosa.
Agricultor produz café conilon na Região Serrana do ES
Reprodução/TV Gazeta
O pesquisador do Incaper acompanhou durante um período o cultivo de conilon do produtor e disse que a principal orientação foi sobre a escolha de clones que se adaptassem melhor a temperaturas mais baixas.
“A gente já encontrou lavouras a 900 metros de altitude aqui, até próximo de mil. A gente sempre recomenda para o produtor procurar o técnico local para saber qual é o melhor clone que tem se adaptado ou melhor cultivo lançado pelo Incaper que se adapta àquela região. E depois, ainda tem a questão de manejo e espaçamento. A nutrição tem que ser mudada porque o metabolismo da planta diminui um pouquinho comparado com uma região quente, então são os primeiros cuidados que o produtor deve ter”, disse o pesquisador do Incaper.
O produtor Ormindo também teve a orientação de agrônomos e técnicos do Incaper e disse que foi avisado que a produtividade do conilon nas regiões mais altas é menor. Mesmo assim, ele está satisfeito. Tanto que o resultado rendeu até um prêmio de melhor café do estado à família, em 2021, em um concurso realizado no estado.
Cafés especiais
Família de produtores de café da Região Serrana do ES
Reprodução/TV Gazeta
Ormindo produz cafés especiais há três anos e foi incentivado pela filha, Luana Nardof.
“Essa parte de cafés especiais ela é um pouco carente no nosso estado, mas principalmente na nossa cidade. Só que agora está ganhando divulgação maior, então acaba que tudo caminhou junto: o mercado ter a demanda de café especial e a gente querer ter uma vinculação do nosso café direto ao consumidor, do nosso sobrenome, e acabou dando certo”, informou o produtor.
Todo o processo de produção, até a torra e o empacotamento, é acompanhado pela filha do agricultor que também cuida da rastreabilidade do produto da família. Por meio de um QR Code, o cliente pode chegar às redes sociais da propriedade e acompanhar todo o processo.
“Você vai ver a produção mesmo. Papai mexendo no café, papai produzindo, como que a gente torra, toda ela”, disse Luana.
Cultivo teve início com bisavô de produtor
O cultivo de café começou com o bisavô de seu Ormindo, que saiu da Itália e chegou ao Espírito Santo no final do século XIX. Ainda criança, sempre depois da escola, o agricultor já ajudava na colheita.
“Meu avô materno trabalhou praticamente até o último dia de vida dele dentro do café. Quando eu vinha da escola passava a mão na peneirinha e já ajudava”, disse o agricultor.
Mais de cem anos depois já são cinco gerações cultivando café, implementando novas técnicas e modernizando a produção.
“Agora a gente está conseguindo fazer um café de qualidade. Quando o pessoal toma o nosso café, e fala assim: ‘seu café tá excelente’ é muito gratificante”, o produtor.
Acredito que mais do que um produto, a gente entrega uma parte da nossa história. É uma parte da nossa família, uma parte da nossa identidade. Levar o sobrenome, o nome da cidade, levar toda essa história daquelas pessoas que vieram lá da Itália, batalharam tanto e hoje mostrar que isso pode ser não só um produto, mas uma experiência pra quem compra, é motivo de muito orgulho”, disse Luana.
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Fonte: G1 Read More