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29/06/2023 Primeiros dados do Censo 2022 foram divulgados nesta quarta-feira (28). Hoje, o Brasil tem mais pessoas trabalhando do que crianças e aposentados, mas no futuro vai se tornar um país com uma força de trabalho menor e com mais idosos. Com atraso por causa da pandemia, depois de vaivém por falta de verba e, por fim, com muita resistência de moradores em receberem os recenseadores, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou nessa quarta-feira (28) os primeiros dados do Censo 2022.
O resultado trouxe um dado inesperado: somos 203.062.512 de habitantes, quase 5 milhões abaixo da estimativa do órgão, de 207,7 milhões. Mais do que isso, os dados mostram que vivemos uma transição demográfica. Hoje, o Brasil tem mais pessoas trabalhando do que crianças e aposentados, mas no futuro vai se tornar um país com uma força de trabalho menor e com mais idosos.
Para Suzana Cavenaghi, doutora em demografia pela Universidade do Texas (EUA) e ex-coordenadora, professora e pesquisadora da pós-graduação da Escola Nacional de Ciências Estatísticas do IBGE, o Brasil vem fazendo um “péssimo trabalho” em suas últimas décadas de bônus demográfico — quando um país tem mais pessoas em idade para trabalhar e produzir do que idosos e crianças.
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“O que a gente chama de bônus demográfico, que é o período onde a gente tem o meio da pirâmide etária, né, as pessoas em idade produtiva alcançando o seu máximo produtivo, potencial de trabalho, a gente não aproveitou”, diz ela em entrevista ao podcast O Assunto desta quinta-feira (29).
“Se passarmos a ser um país envelhecido antes do país dar aquele salto para o país de renda média ou renda alta, nunca mais a gente vai conseguir isso, porque aí não vai ter a força de trabalho suficiente para poder dar esse salto.”
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Alexandre Sá/EPTV
Segundo ela, isso não foi aproveitado por dois motivos. “Porque não colocou todas essas pessoas no mercado de trabalho, e quando colocou não colocou de uma forma decente, com trabalho formal e bem pago”. E também porque o país “não investiu o necessário em educação para dar profissionalização suficiente para essa população.”
A solução, agora, é correr contra o tempo e espelhar-se no cenário internacional onde isso foi bem aproveitado, caso dos tigres asiáticos, que conseguiram se desenvolver.
“A gente ainda tem um tempinho para tentar consertar esse esse problema, mas é muito rápido. As políticas públicas precisam trabalhar de uma maneira muito forte na área de educação, […] profissionalizando essas pessoas e dando acesso adequado à saúde para que elas tenham realmente condições e vivam uma vida saudável.”
Para Cavenaghi, este é um problema que não atinge apenas o Brasil, mas boa parte da América Latina — e o exemplo vem de fora.
“A Coreia do Sul, por exemplo, foi um país que quando percebeu que a fecundidade estava baixando e que ia perder essa oportunidade, eles investiram muito em educação de qualidade para toda a população. E hoje em dia a Coreia é um exemplo de país com com uma boa educação.”
Ouça a íntegra do episódio aqui.
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Fonte: G1 Read More