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29/06/2023Previsão do mercado, até o momento, é de início do processo de cortes dos juros em agosto. Nesta quinta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez novas críticas ao patamar da taxa de juros. O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta quinta-feira (28) que a maioria dos integrantes do Comitê de Política Monetária (Copom), formado por ele e pelos diretores da instituição, deixou a porta aberta para um possível corte de juros em seu próximo encontro – no começo de agosto.
“Tinha um grupo [de membros do Copom] que entendeu que não tinha como deixar a porta aberta, e teve outro, maioria, que achava. E isso foi explicado na ata do Copom”, declarou Campos Neto.
Atualmente, a taxa básica de juros da economia, a Selic, está em 13,75% ao ano, o maior nível em seis anos e meio. A taxa foi mantida estável na semana passada pelo Banco Central.
Campos Neto lembrou, porém, que uma sinalização do que poderá acontecer em agosto não quer dizer, necessariamente, que isso será feito. E que as decisões sobre a taxa de juros são tomadas somente nas reuniões do Copom.
Até o momento, a previsão do mercado é justamente de que os juros comecem a recuar em agosto, quando passariam para 13,50% ao ano. Para o fim deste ano, a previsão é que que a Selic cai para 12,25% ao ano.
Campos Neto também explicou que os comunicados do Copom, divulgados logo após as reuniões, informando sobre o patamar definido para a taxa de juros, diferem da ata do encontro – que é tornada pública somente na terça-feira da semana seguinte.
Segundo ele, os comunicados têm de mostrar consenso sobre decisões tomadas pelo Copom sobre a taxa de juros e sobre avaliações, e que as atas das reuniões têm uma função mais ampla “de elaborar cenários, explicar o que foi discutido”. “Se for dividida [uma avaliação], a gente explica na ata”, declarou.
Nesta semana, a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, criticou o fato de o BC não ter sinalizado claramente, no comunicado da última reunião do Copom, um possível corte de juros em agosto.
Divergência sobre sinalização
Na ata de sua última reunião, a maioria dos integrantes do Copom avaliou que a continuidade da queda da inflação, e seu impacto sobre as expectativas do mercado para o IPCA, pode possibilitar uma queda dos juros no começo de agosto.
O BC também informou, entretanto, outro integrantes do Copom, embora em minoria, mostraram-se mais cautelosos, avaliando que a dinâmica de queda da inflação “ainda reflete o recuo de componentes mais voláteis e que a incerteza sobre o hiato do produto [capacidade de a economia crescer sem gerar inflação] gera dúvida sobre o impacto do aperto monetário [alta dos juros] até então implementado”.
“Para esse grupo, é necessário observar maior reancoragem das expectativas longas [projeções de inflação do mercado para os próximos anos em linha com as metas] e acumular mais evidências de desinflação nos componentes mais sensíveis ao ciclo”, informou a instituição.
Metas de inflação
Para definir a taxa básica de juros e tentar conter a alta dos preços, no sistema de metas de inflação, o BC olha para frente.
Neste momento, a instituição já está mirando na meta do ano que vem. Isso ocorre porque as mudanças na taxa Selic demoram de seis a 18 meses para ter impacto pleno na economia.
A meta de inflação do próximo ano, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), é de 3% e será considerada cumprida se oscilar entre 1,5% e 4,5%.
Na semana passada, os economistas do mercado financeiro reduziram a estimativa de inflação deste ano, de 5,12% para 5,06%, e passaram a projetar uma inflação de 3,98% para 2024.
Pressão de Lula
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem pressionado o Banco Central a iniciar o processo de redução da taxa básica de juros da economia, e critica o efeito de juros altos sobre o crescimento da economia e a geração de empregos.
Sem citar o nome do presidente do BC, Roberto Campos Neto, Lula disse nesta quinta-feira (29) que a instituição tem um “cidadão que não entende nada de povo”. Lula deu as declarações em entrevista à Rádio Gaúcha, do Rio Grande do Sul.
“Você tem um cidadão que me parece que não entende absolutamente nada de país, não entende nada de povo, não tem sentimento com o sofrimento do povo, e mantém uma taxa de juros para atender os interesses de quem? A quem que esse cidadão está servindo neste momento?”, questionou o petista.
Fonte: G1 Read More