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12/10/2023 Especialistas consideram que mais importante que deixar um bom pé-de-meia para a criança usufruir na vida adulta é ensiná-la, desde cedo, sobre os princípios básicos da educação financeira. Crianças podem aprender muito sobre educação financeira de forma lúdica
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Aprender a ouvir “não”, lidar com frustrações, saber dividir… Algumas lições podem ser muito difíceis de ensinar na infância, mas também são muito importantes. O mesmo vale para o valor — muitas vezes suado — do dinheiro.
Essa é uma dúvida frequente de pais e mães, que ainda têm dificuldades em ensinar as noções básicas sobre dinheiro para as crianças. Como a educação financeira só começou a se popularizar há poucos anos, boa parte dos pais não tiveram esses ensinamentos na infância, e ainda há um longo caminho a ser percorrido.
Mas especialistas ouvidos pelo g1 apontam que ter o acesso a essas lições ainda na infância tornam maiores as chances de que a criança tenha uma melhor relação com o dinheiro na vida adulta. E para começar não é necessário que a família tenha uma renda elevada.
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Tudo começa pelo exemplo
Segundo Jean Melo, sócio da empresa Ações Garantem o Futuro (AGF), mesmo que os pais não tenham uma base de educação financeira, é possível aprender junto aos filhos. É melhor começar pelos conceitos mais básicos, como gastar menos do que se ganha e montar uma reserva para qualquer emergência, por exemplo.
“Basta que o pai ou a mãe tenha interesse em aprender, busque informações em locais confiáveis e compartilhe isso com os filhos, buscando formas de tornar o assunto lúdico, que seja interessante para uma criança”, comenta.
Jean com seus filhos Lucas, de 4 anos, e Rafael, de 8
Arquivo pessoal
Thiago Godoy, líder de educação financeira da Rico, compartilha da mesma visão e destaca que “a criança é um ser humano em construção”, o que faz com que a melhor lição seja, justamente, ver o bom exemplo dos pais.
“Quando os pais usam o dinheiro com responsabilidade, quando os pais sabem poupar, quando eles sabem comparar preços, quando são conscientes com o dinheiro, a criança vai acreditar que isso é o normal e as chances dela replicar esse comportamento e ser cuidadosa com o dinheiro aumentam bastante”, pontua.
Entre as atividades que podem ajudar na missão de passar um bom exemplo de vida financeira, uma bastante simples que o educador apresenta é fazer a criança participar do processo de compra de algo que ela queira, como um brinquedo para este Dia das Crianças.
Os pais podem:
dizer ou mostrar para a criança — de forma visual e lúdica — qual o valor máximo que pode ser gasto com o brinquedo;
levar o pequeno às compras e mostrar o preço dos produtos pelos quais ele se interessar, indicando o que está ou não dentro do orçamento, e incentivando a comparação de preços;
explicar que, se possível, a criança pode optar por uma opção mais em conta e receber o troco, colocando aquilo em um cofrinho ou até usando para um outro propósito que a agrade.
Essa prática também pode acontecer em outras situações, como nas compras do mês no supermercado ou na escolha por um destino de viagem, por exemplo. É importante sempre respeitar a fase de cada criança, para que a participação seja adequada para a idade.
Brincadeiras podem ajudar
Outra forma de estimular a educação financeira dentro de casa é com brincadeiras que envolvam algum tipo de raciocínio financeiro. Simular compras é uma boa opção, mas um brinquedo que Thiago, da Rico, recomenda é o jogo Banco Imobiliário.
No jogo, a criança e os pais terão de lidar com o dinheiro, precisarão refletir sobre as escolhas do que comprar, do quanto gastar, de se é o caso de esperar pelo melhor momento, além de aprenderem sobre a lógica de investir para ganhar mais dinheiro depois.
Já Jean Melo, da AGF, conta que consegue ensinar os princípios da educação financeira e investimentos para o filho mais velho, aproveitando a dinâmica das brincadeiras. Ele é pai do Rafael, de 8 anos, e do Lucas, de 4.
O objetivo do Jean é que os filhos tenham uma carteira de ações que pague bons dividendos, rendimento pago aos acionistas de uma empresa, que recebem uma pequena parte do lucro que ela gerou. Mas, não queria apenas entregar uma carteira já pronta, sem que as crianças valorizassem e entendessem o processo de escolher no que investir e colocar o dinheiro ali.
Para isso, ele associou as ações a coisas próximas da realidade do filho, para que ficasse mais palpável. Uma empresa que produz papel, por exemplo, virou a referência das caixas dos bonecos e outros brinquedos.
Assim, Jean conta que o filho conseguiu começar a entender o que cada empresa fazia e conseguia escolher, com mais facilidade, aquela que ele achava que traria os melhores resultados.
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Mesadas e cofrinhos
Pricila Ferreira, com seu filho Gustavo, de 11 anos, e Danilo Paske, com sua Filha Lis, de 1 ano e 6 meses.
Arquivo pessoal
Além de simplesmente lidar com o dinheiro, especialistas ouvidos pelo g1 também são favoráveis que os pais criem o hábito de dar uma mesada aos filhos, em vez de entregar diretamente as coisas que ele quer.
A Pricila Ferreira, mãe do Gustavo, de 11 anos, resolver colocar isso em prática. O pré-adolescente tem a Síndrome de Asperger, uma condição que o leva a ter hiperfoco — ou seja, ele estuda tudo sobre assuntos específicos que o despertam interesse. Um desses assuntos, para a alegria da mãe, é educação financeira.
Ele começou, aos 9, a estudar sobre investimentos e contava para Pricila sobre todas as suas descobertas. Quando, tempos depois, ele pediu um iPhone de presente, a mãe resolveu dar mesadas para que ele guardasse o dinheiro e aprendesse como é desafiador juntar a quantia equivalente ao preço do celular.
Gustavo ainda está na missão de angariar os recursos necessários para essa conta, mas dando muito valor às pequenas quantias que recebe de mês em mês e investindo, na renda fixa, para fazer o dinheiro render um pouco mais. Pricila está muito feliz com o resultado que vem conquistando com o filho.
“Com um cofrinho ou um sistema de mesada, você vai ensinar essa criança sobre poupar, sobre responsabilidade financeira, sobre esperar, ter paciência para esperar alguma coisa e conquistar o que ela precisa”, destaca Thiago Godoy, da Rico.
Danilo Paske, que também trabalha com investimentos e é pai da Lis, de 1 ano e 6 meses, tem o mesmo pensamento e, embora ainda não consiga praticar esses hábitos com a bebê já tem muitos planos de como ensiná-la sobre o dinheiro conforme for crescendo.
De sua experiência com o mundo dos investimentos e a própria trajetória na infância, quando conviveu com a hiperinflação, Danilo tirou uma lição que pode ajudar muitos outros pais na tarefa de educar financeiramente os filhos: o que importa não é a quantia dada na mesada ou colocada no cofrinho, mas, sim, mostrar o caminho de uma vida financeira saudável.
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Fonte: G1 Read More