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Levantamento recente indicou que aplicação de IA deve revolucionar o mercado de trabalho e criar 97 milhões de novos empregos no mundo até o final deste ano. A inteligência artificial é uma grande aliada para organizar, planejar e manter uma rotina de estudos eficaz
Banco de imagem gerado por IA
O avanço da digitalização, do uso de dados e da inteligência artificial (IA) devem criar até 97 milhões de novos empregos no mundo até o final do próximo ano, indicou um estudo recente feito pela Coursera.
Os dados refletem um outro estudo apresentado no Fórum Econômico Mundial de 2020, que indicou que o mercado de trabalho tradicional também não deve passar ileso a essas transformações.
Segundo esse estudo, a nova divisão de trabalho entre máquinas, humanos e algoritmos deve trazer uma adaptação de vagas mais tradicionais, com a expectativa de que 85 milhões de empregos já existentes sejam substituídos com o uso da inteligência artificial.
O movimento acompanha a crescente transformação digital e reflete uma demanda cada vez maior por inovação e desenvolvimento tecnológico – principalmente por parte das empresas.
Nesta reportagem, entenda os principais impactos do crescente uso da IA no mercado de trabalho brasileiro e quais as tendências para os próximos anos.
Inteligência Artificial e o mercado de trabalho
O impacto da IA no mercado de trabalho não é de hoje. Dados do Infojobs, por exemplo, indicam um aumento de 97% nas vagas que exigem conhecimento em inteligência artificial nos últimos três anos. Desse total, 88% são voltadas para especialistas.
“As companhias buscam por isso porque querem, de fato, ter mais eficiência. Fazer com que a IA faça aquele trabalho mais operacional e repetitivo para que ela concentre sua equipe em atividades que demandam uma cognição diferente”, explica a presidente do Infojobs, Ana Paula Prado.
A executiva ainda cita dados de outros estudos que corroboram com essa visão. Um levantamento da Bain & Co, por exemplo, indicou que o mercado de produtos e serviços relacionados a inteligência artificial pode chegar a US$ 990 bilhões até 2027.
Além disso, dados da Garnter mostraram que 80% das empresas planejam adotar tecnologias de inteligência artificial até o final do ano que vem.
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Vagas para especialistas e salários diferenciados
Os especialistas entrevistados pelo g1 ainda afirmam que a tendência no uso de IA por parte das companhias também deve mudar a dinâmica do mercado de trabalho brasileiro.
Para a diretora da unidade de recrutadores da Catho, Cristiana Mello, ainda que essa transformação digital seja relativamente recente, há um movimento cada vez maior por parte das companhias em buscar profissionais que tenham um conhecimento prévio em IA e que queiram se desenvolver nessa área.
“Já vemos a IA atuando em atividades dentro das companhias. Com o tempo, a tendência é que tenhamos uma migração [de vagas] cada vez maior e uma mudança das habilidades que são exigidas dos profissionais que trabalhem nessas empresas”, afirma.
Não à toa, a leitura é que há uma busca crescente por especialização na área de tecnologia e inteligência artificial no país.
“Todo mundo hoje está falando sobre como a inteligência artificial muda o modelo de negócio de uma série de áreas da economia. E vemos um interesse muito grande não apenas em entender o que é a IA, mas também em aprender sobre ela”, diz o diretor da Coursera Enterprise da América Latina, Christian Hernandez.
O executivo destaca que apesar de a IA ser um tema de interesse global, o Brasil está ligeiramente acima da média global em termos de consumo de conteúdo sobre o tema.
“Vemos que a população brasileira e mundial está muito interessada em fazer cursos e ter uma maior especialização sobre o tema. Temos inclusive feito muitos investimentos nesse sentido, já tendo trazido cerca de 500 cursos sobre inteligência artificial e IA generativa”, completa Hernandez.
🔎 A inteligência artificial generativa (ou Gen AI, em inglês) é um tipo de IA que pode criar conteúdos, como imagens, textos, vídeos, códigos, entre outros. É o caso do ChatGPT, por exemplo.
Parte disso, dizem os especialistas, também reflete uma procura de profissionais por salários melhores e diferenciados. “Vemos a IA como uma mudança bastante estrutural e que vai abranger praticamente todas as companhias”, diz Ana Paula Prado, do Infojobs.
“Mas é claro que estamos em um momento de adaptação, o que traz destaques para algumas profissões como engenheiros, especialistas e professores de IA. Essas profissões que estão em alta acabam tendo um salário mais alto”, afirma.
Entenda o que é inteligência artificial
O que esperar à frente? Serei substituído pela IA?
Apesar de a transformação digital para a adoção de IA ganhar cada vez mais espaço no país, os especialistas destacam que mais do que substituir algumas funções, a nova tecnologia deve criar novas oportunidades.
“Vemos a IA criando ou alternado alguns processos e isso é um fenômeno mundial. Mas ela é menos um substituto [da força de trabalho] e mais um empoderamento de pessoas e empresas”, diz Hernandez, da Coursera.
Os especialistas ainda lembram que a inteligência artificial não consegue reproduzir as chamadas soft skills — que são habilidades comportamentais relacionadas à interação humana — e que ainda depende de humanos para alimentá-la de informações e orientar quais as regras precisará seguir dentro de suas funções.
“As atividades de forma geral estão mudando em todas as áreas e, por isso, é importante que a gente tenha pessoas que conheçam e consigam também integrar o uso da IA”, afirma Prado, do Infojobs.
Além disso, mesmo que o Brasil esteja entre os países que mais têm buscado esse desenvolvimento tecnológico, ainda há um longo caminho pela frente.
“O Brasil é muito amplo e heterogêneo. E apesar de termos grandes empregadores, cerca de 80% da força de trabalho vêm das micro e pequenas empresas, que vão demorar um pouco mais para adotar a IA de forma tão abrangente”, comenta Mello, da Catho.
“É algo que vai criar oportunidades, mas ainda é uma mudança gradativa”, acrescenta.
Quais profissões podem ser afetadas?
Segundo especialistas, grande parte das profissões existentes no país e no mundo atualmente poderão ser afetadas de alguma forma pelo avanço da inteligência artificial no mercado.
“Quando nós tentamos granular qual tipo de trabalho seria mais impactado, vemos que as áreas de vendas, marketing, serviços e experiência em software são algumas das áreas que se destacam, bem como a indústria e o comércio também”, explica Hernandez, da Coursera.
Um levantamento feito pela Keeggo, empresa especializada em IA, apontou algumas profissões que devem mudar com a chegada da IA.
Veja abaixo.
Tradutores: o avanço dos modelos de linguagem permite a compreensão do texto dentro de uma janela de contexto cada vez maior, o que traz maior precisão para traduções em tempo real;
Operadores de telemarketing: os modelos de linguagem já apresentam avanços significativos também na modulação de áudio, incorporando a simulação de emoções aos diálogos estabelecidos com o cliente;
Motoristas: o avanço dos veículos autônomos pode diminuir o número de vagas para motoristas profissionais. Segundo a Keegoo, alguns lugares já apresentam robotaxis operando;
Analistas de crédito: a grande capacidade de processamento de dados da IA podem dar uma maior lisura e agilidade no processo de análise de crédito, desde que o treinamento da máquina seja feito com dados não enviesados;
Agentes de viagens: a IA também já é uma realidade para quem busca a roteirização personalizada para viagens;
Contador: plataformas de IA são capazes de processar documentos, realizar auditorias básicas e entregar declarações de forma automatizada;
Fotógrafos de Eventos: a IA já consegue registrar e ajustar fotos e vídeos em tempo real, adequando o processo a um determinado estilo pré-estabelecido. O mesmo pode ser realizado utilizando-se drones que dispensam a intervenção humana. O aspecto artístico da captura de imagens, no entanto, ainda é uma habilidade humana e que faz a diferença na profissão.
Segundo o especialista em IA e responsável pela área de experiência e mercado da Keeggo, Renato Monteiro, o futuro do trabalho não se resume a competir com a IA, mas em “adaptar-se e a encontrar novas formas de agregar valor”.
“Profissões que demandam criatividade, pensamento crítico e interação humana ainda têm espaço, mas é de suma importância investir em capacitação e desenvolvimento pessoal para se destacar em um cenário em constante evolução”, conclui o executivo.
Fonte: G1 Read More