‘Se depender de mim, não tem outra medida fiscal nesse país’, diz Lula
30/01/2025Contas do governo têm déficit de R$ 43 bilhões em 2024, com queda de 81%; meta fiscal é cumprida
30/01/2025
Presidente falou por mais de uma hora no Palácio do Planalto e defendeu realizações do governo. O presidente Lula concedeu uma entrevista coletiva nesta quinta-feira (30) no Palácio do Planalto, em Brasília
Ricardo Stuckert/PR
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez comentários sobre uma lista de temas econômicos em conversa com jornalistas nesta quinta-feira (30), no Palácio do Planalto.
Foram tratadas temas como as contas públicas, a nova elevação da taxa básica de juros nesta semana, o possível reajuste dos preços do diesel e seus impactos na inflação dos alimentos, e foi feita uma defesa do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Veja abaixo um resumo dos principais temas tratados e as reportagens do g1 com todos os detalhes.
Contas públicas
Galípolo no BC
Defesa de Haddad
Preço do diesel
Trump e as tarifas dos EUA
Contas públicas
Lula menciona déficit primário de 0,1% em 2024 e diz ter ‘muita responsabilidade’ fiscal
Lula afirmou que o país teve um déficit primário (quando as despesas do governo são maiores que as receitas) equivalente a 0,1% do Produto Interno Bruto (PIB) do país em 2024. O resultado é próximo à meta fiscal do governo, de ter um rombo zero nas contas públicas.
O governo federal ainda precisa divulgar oficialmente os números fiscais do ano passado, o que está previsto para as próximas semanas. Mesmo assim, o ministro Fernando Haddad já disse que a meta foi cumprida.
Lula também disse que tem “muita responsabilidade” em relação ao cenário fiscal e que deseja o menor déficit possível, mas negou que planeja desenvolver uma nova medida fiscal.
A afirmação vai na direção oposto do que membros da equipe econômica do governo vinham falando. Na última semana, o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, disse que a equipe já avalia novas medidas para atingir os objetivos para as contas públicas.
No fim de novembro do ano passado, o governo anunciou um pacote de corte de gastos que previa a economia de R$ 327 bilhões em cinco anos. A medida foi tomada para que o governo seja capaz de reduzir suas despesas e equilibrar as contas públicas nos próximos anos.
No entanto, agentes do mercado financeiro acreditam que a medida pode não ser o suficiente para trazer o equilíbrio fiscal e que mais gastos podem ser necessários.
“Não tem outra medida fiscal. Se se apresentar durante ano a necessidade de fazer, vamos reunir. Se depender de mim não tem outra medida fiscal”, destacou Lula.
LEIA MAIS: Lula cita déficit de 0,1% em 2024 e diz ter ‘muita responsabilidade’, mas descarta nova medida fiscal
Voltar ao início
Galípolo no BC
Galípolo não pode dar ‘cavalo de pau’, e alta dos juros já estava ‘praticamente demarcada’, diz Lula
Um dia após o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil (BC) elevar a Selic, taxa básica de juros, em um ponto percentual, ao patamar de 13,25% ao ano, Lula disse que tem “100% de confiança” no trabalho de Gabriel Galípolo, atual presidente do BC.
“Nós temos consciência de que é preciso ter paciência, eu tenho 100% de confiança no trabalho do presidente do Banco Central. Tenho certeza de que ele vai criar condições para entregar ao povo brasileiro uma taxa de juros menor”, afirmou Lula.
O presidente ainda pontuou que Galípolo não pode “dar um cavalo de pau” e que a situação já demonstrava que a elevação da taxa Selic seria necessária.
“O presidente do Banco Central não pode dar um cavalo de pau num mar revolto de uma hora para outra. Já estava praticamente demarcado a necessidade da subida de juros, pelo outro presidente [Roberto Campos Neto]. E o Galípolo fez aquilo que ele entendeu que deveria fazer”.
A alta dos juros foi uma decisão unânime do Copom, que já sinalizou em seu comunicado sobre a decisão de elevar a taxa que novos aumentos devem acontecer nos próximos meses.
LEIA MAIS: Galípolo não pode dar ‘cavalo de pau’, e alta dos juros já estava ‘praticamente demarcada’, diz Lula
Voltar ao início
Defesa de Haddad
Lula diz que Kassab foi injusto na fala sobre Haddad
Lula saiu na defesa de Fernando Haddad, depois de o presidente do PSD, Gilberto Kassab, chamá-lo de um “ministro da Fazenda fraco” nesta quarta-feira (29).
Kassab afirmou que Haddad tem “dificuldade de comandar” e que “não consegue se impor no governo”. O político avaliou, ainda, que um “ministro da Fazenda fraco é sempre um péssimo indicativo”.
Lula disse que Kassab foi injusto nas afirmações sobre Haddad e que o considera um “ministro extraordinário”.
O presidente destacou a atuação do ministro da Fazenda na PEC da Transição, na definição do novo arcabouço fiscal e na reforma tributária. “Só por isso Haddad deveria ser elogiado pelo Kassab”.
LEIA MAIS: Lula diz que Kassab foi injusto ao chamar Haddad de ‘fraco’ e faz elogio
Voltar ao início
Preços do diesel
‘Quem autoriza o aumento do petróleo e dos derivados de petróleo é a Petrobras’, diz Lula
Lula negou que tenha “autorizado” um aumento do preço do óleo diesel e afirmou que, mesmo que a Petrobras decida por um reajuste, o preço final do diesel na bomba deve ficar abaixo do que era praticado em dezembro de 2022, último mês do governo Jair Bolsonaro.
“Eu não autorizei o aumento do diesel. Porque desde o meu primeiro mandato, eu aprendi que quem autoriza o aumento do petróleo e dos derivados de petróleo é a Petrobras, e não o presidente da República”, disse.
O último reajuste de preços do diesel aconteceu há mais de um ano, em outubro de 2023. Na ocasião, a estatal elevou o valor médio em R$ 0,25 por litro, passando a cobrar R$ 4,05 o litro.
Há uma preocupação evidente com o preço do diesel por conta de seu impacto na inflação dos alimentos. O combustível abastece a cadeia de transporte e eleva os preços para os produtores.
O presidente afirmou que não fará “bravata” e nem adotará medidas extremas no tema – para evitar o surgimento de consequências como o mercado paralelo dos produtos.
“Eu não tomarei nenhuma medida daquelas que sejam ‘bravata’. Eu não farei cota [de compras], não colocarei helicóptero para viajar fazenda e prender boi, como foi feito no Plano Cruzado. Não vou estabelecer nada que possa significar o surgimento de mercado paralelo”, disse Lula.
“O que nós precisamos fazer é aumentar a produção de tudo aquilo que a gente produz. Fazer com que a chamada pequena e média agricultura – que são responsáveis pela produção de quase 100% dos alimentos – possa produzir mais. Para isso, a gente precisa fazer mais financiamento, modernizar a produção dessa gente”, seguiu.
LEIA MAIS: Lula diz que Petrobras define preço do diesel e que não fará ‘bravata’ para controlar preço dos alimentos
Lula afirma que não fará ‘bravata’ e nem adotará medidas extremas para baratear alimentos
Voltar ao início
Trump e as tarifas dos EUA
Sobre a política tarifária do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, Lula afirmou que se os americanos decidirem taxar o Brasil, vai ter reciprocidade.
“Se ele taxar os produtos brasileiros, haverá reciprocidade no Brasil em taxar os produtos que são importados dos EUA”, afirmou.
“Ele só tem que respeitar a soberania dos outros países. Ele foi eleito para governar os EUA. Outros presidentes eleitos para governar com outros países”, prosseguiu.
Trump tem indicado que quer favorecer e dar prioridade à atividade doméstica dos EUA, limitando a concorrência estrangeira. Uma das estratégias é sinalizar com uma retaliação às taxas cobradas pelos países que exportam produtos aos EUA.
Em 2018, por exemplo, Trump chegou a anunciar a criação de taxas para a importação de aço e alumínio, dois dos produtos que estão no rol de exportações brasileiras para os norte-americanos.
Pouco tempo depois, os países negociaram um esquema de cotas de importação, que permitiam a venda dos produtos com isenção ou redução de tarifa até um determinado limite.
LEIA MAIS: Lula promete reciprocidade se Trump taxar produtos brasileiros
Voltar ao início
Fonte: G1 Read More