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31/01/2025
O IGP-M mede os preços ao produtor, que costumam ser repassados ao comprador após alguns meses. Governo Lula está preocupado com o preço dos alimentos, que tem puxado a inflação oficial do país. Frigorífico da Fider Pescados, em Rifaina, SP
Rodolfo Tiengo/g1
Os preços dos alimentos registraram a primeira queda no atacado (vendidos em grandes quantidades, para varejistas ou outros negócios) após 10 meses consecutivos de alta, segundo dados do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M).
A notícia é importante porque a inflação no atacado é um prenúncio para a inflação ao consumidor. Se os custos ao produtor estão mais baixos — geralmente devido à melhora das safras —, é possível evitar o repasse desses custos ao consumidor final nos supermercados.
Em janeiro, o IGP-M como um todo avançou 0,27%, uma desaceleração em relação a dezembro, quando havia registrado alta de 0,94%. O acumulado dos últimos 12 meses é de 6,75%.
O mais significativo, porém, foi a desaceleração do Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que subiu 0,24% em janeiro, comparado a um avanço de 1,21% em dezembro. O IPA mede a “temperatura” dos preços ao produtor, e representa cerca de 60% do índice geral.
A cesta do IPA geral inclui as principais commodities, mas há um indicador específico para Produtos Agropecuários, que reúne os preços de carne suína, bovina, arroz, trigo, soja, entre outros.
Este indicador recuou agora, puxado pelos preços da soja em grão (que caiu de -2,34% em dezembro para -5,71% em janeiro), bovinos (+2,50% para -2,17%), suínos (+1,51% para -11,24%), batata-inglesa (-39,59% para -17,94%) e laranja (-7,59% para -3,37%).
“Em janeiro de 2025, a inflação ao produtor desacelerou devido à queda nos preços da soja, do gado bovino e suíno”, afirma André Braz, economista do FGV IBRE e responsável pelos índices de inflação.
Os preços dos alimentos são uma preocupação primordial do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em dezembro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país e que mede os preços na ponta, mostra que os preços subiram 0,52%.
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O grupo de Alimentação e bebidas foi a maior alta percentual no mês, de 1,18%, e também o maior impacto sobre o índice, de 0,25 ponto percentual (p.p.).
O mês registrou o quarto aumento consecutivo dos alimentos, puxados principalmente pelas carnes, que subiram mais que 20% no ano.
Os preços foram apontados, inclusive, como motivo de insatisfação com o governo. Pesquisa Quaest divulgada na segunda-feira (27) aponta que o trabalho do presidente é reprovado por 49% dos eleitores brasileiros e aprovado por 47%.
Foi a primeira vez que a desaprovação supera, numericamente, a aprovação desde o início da série histórica da pesquisa, iniciada em fevereiro de 2023.
Lula afirma que não fará ‘bravata’ e nem adotará medidas extremas para baratear alimentos
Nesta quinta-feira (30), Lula foi questionado sobre a situação. O presidente afirmou que não fará “bravata” e nem adotará medidas extremas no tema – para evitar o surgimento de consequências como o mercado paralelo dos produtos.
“O que nós precisamos fazer é aumentar a produção de tudo aquilo que a gente produz. Fazer com que a chamada pequena e média agricultura – que são responsáveis pela produção de quase 100% dos alimentos – possa produzir mais. Para isso, a gente precisa fazer mais financiamento, modernizar a produção dessa gente”, seguiu.
“Eu na minha idade não posso fazer bravata. Eu preciso ter mais calma, contar até 10 e depois dizer o que vou fazer”, ponderou em outro momento.
Lula disse que também quer se reunir com setores produtivos para entender as razões de algumas altas de preços. Como exemplo, citou o óleo de soja e a carne.
“Quando eu cheguei na presidência, o preço do óleo de soja tinha caído para R$ 4. E agora, subiu para R$ 10 ou R$ 9. Ou seja, qual a explicação de o óleo de soja ter subido? Não tenho outra coisa que não chamar os produtores de soja para saber. Por que o preço da carne, que caiu 30% em 2023, voltou a subir? É apenas a exportação? É a questão da matriz?”, questionou.
“Não falta alimento no Brasil. Acontece que nós temos que ter em conta que o Brasil virou celeiro do mundo. Aquilo que a gente falava 20 anos atrás virou verdade, o Brasil virou o celeiro do mundo”, seguiu.
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Fonte: G1 Read More