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Projeções de inflação do próprio BC estão acima da meta central, de 3%, durante todo chamado “horizonte relevante” da política de juros, ou seja, de seis a 18 meses, e acima do teto de 4,5% ao menos até o fim de 2025. Diretor do Banco Central Diogo Guillen, em imagem de arquivo
Edilson Rodrigues/Agência Senado
O diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Guillen, avaliou nesta quinta-feira (27) que a taxa básica de juros da economia brasileira, fixada pelo Comitê de Política Monetária (Copom), deve permanecer elevada por mais tempo.
Segundo ele, isso acontece porque as projeções de inflação do próprio BC estão acima da meta central, de 3%, durante todo chamado “horizonte relevante” da política de juros, ou seja, de seis a 18 meses.
De acordo com as projeções do Banco Central, a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), devem continuar acima do teto de 4,5% até o fim deste ano, e acima da meta central de 3% até meados de 2027.
A expectativa do BC é de estouro da meta de inflação em junho deste ano, e de que o IPCA some 5,1% no ano de 2025 fechado, com 70% de possibilidade de estouro da meta de inflação nesse período.
“Quando você está com expectativas desancoradas [acima das metas], as taxas de juros devem ser mais altas, como a gente está vendo nesse ciclo, e por mais tempo. Vai em linha com a discussão para 2027 [de que, mesmo com juros altos, não há atingimento da meta até o segundo semestre de 2027]”, declarou o diretor Diogo Guillen, do BC.
Atualmente, a taxa básica de juros está em 14,25% ao ano, após cinco altas seguidas, patamar semelhante ao de 2015 em 2016, durante o governo da presidente Dilma Rousseff.
E o Banco Central indicou que a taxa deverá ter novo aumento em maio deste ano, mas em ritmo menor do que 1 ponto percentual.
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Sistema de metas
Para definir os juros, a instituição atua com base no sistema de metas. Se as projeções estão em linha com as metas, é possível baixar os juros. Se estão acima, a tendência é de manutenção ou alta da Selic.
Desde o início de 2025, com o início do sistema de meta contínua, o objetivo de 3% e será considerado cumprido se a inflação oscilar entre 1,5% e 4,5%.
Ao definir a taxa de juros, o BC olha para o futuro, ou seja, para as projeções de inflação, e não para a variação corrente dos preços, ou seja, dos últimos meses.
Isso ocorre porque as mudanças na taxa Selic demoram de seis a 18 meses para ter impacto pleno na economia. Esse é o chamado “horizonte relevante” da política de juros.
Neste momento, por exemplo, a instituição já está mirando na meta considerando o segundo semestre de 2026.
Para 2025, 2026, 2027 e 2028, a projeção do mercado para a inflação oficial está em 5,68% (com estouro da meta), 4,40%, 4% e em 3,75%.
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Impacto do consignado do setor privado
O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, informou que o Copom ainda não incluiu no seu cálculo de demanda da economia o crédito consignado ao setor privado com garantia do FGTS, que teve início na semana passada, assim como também não foi considerada a proposta do governo de ampliação da faixa de isenção do IR para até R$ 5 mil.
Segundo ele, o consignado do setor privado tem gerado estimativas variadas sobre seu impacto na economia, pois há dúvidas de quanto isso representa de substituição de dívidas antigas pelo novo endividamento.
“Não consideramos ainda, é um processo de tentativa de entender melhor por todo mundo de qual vai ser o impacto [do consignado do setor privado com garantia do FGTS]. É uma medida mais olhando para uma questão estrutural do que conjuntural”, disse Galípolo, do Banco Central.
No caso das mudanças no IR, o presidente do BC observou que a medida ainda não foi aprovada pelo Congresso, podendo ser alterada pelo Legislativo. De modo que é preciso aguardar sua aprovação.
Fonte: G1 Read More