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Presidente argentino eliminou a maioria dos controles cambiais no mês passado, facilitando o acesso dos argentinos aos mercados cambiais oficiais após seis anos de restrições. Um apoiador do presidente eleito da Argentina, Javier Milei, segura uma representação de uma nota de 100 dólares com uma imagem de Javier Milei.
Agustin Marcarian / Reuters
Nas ruas do centro de Buenos Aires, onde anos de rígidos controles monetários fomentaram um próspero mercado paralelo de dólares, um grande número de cambistas ilegais enfrenta dificuldades diante das reformas econômicas implementadas pelo presidente da Argentina, Javier Milei.
No mês passado, Milei eliminou a maior parte dos controles cambiais do país, facilitando o acesso dos argentinos ao mercado oficial de câmbio após seis anos de restrições.
A medida não agradou os comerciantes de rua, conhecidos localmente como “arbolitos”, mas foi bem recebida pela população e pelas empresas, que agora conseguem trocar pesos por dólares em maiores quantidades e com mais facilidade do que antes.
A flexibilização dos controles cambiais faz parte de um pacote mais amplo de reformas econômicas adotadas por Milei desde que assumiu o cargo no final de 2023, em uma tentativa ousada de tirar a economia de um ciclo prolongado de crise.
Investidores vinham pressionando pelo fim dos controles de capital como forma de impulsionar o comércio e eliminar as distorções provocadas pelas grandes discrepâncias entre a taxa de câmbio oficial e a paralela
Nas últimas semanas, as taxas de câmbio convergiram pela primeira vez desde 2019, ano em que o governo impôs controles de capital para conter a desvalorização do peso.
Os argentinos comuns já não precisam recorrer ao mercado paralelo, e as empresas agora conseguem acessar dólares para pagar importações sem a necessidade de cumprir o antigo período de espera.
“Isso traz de volta a confiança ao sistema financeiro”, disse Ariel Coremberg, economista da Universidade de Buenos Aires e assessor de Milei, acrescentando que a medida deve aumentar a arrecadação tributária, já que menos pessoas recorrerão ao mercado paralelo.
“Nós, os ‘arbolitos’ daqui, estamos passando por uma crise”, disse Francisco, de 50 anos, na semana passada. Ele trabalha no mercado paralelo em frente a uma banca de flores em uma rua movimentada do centro de Buenos Aires e pediu para ser identificado apenas pelo primeiro nome.
Perto dali, outro cambista, que se identificou como Leo, desabafou: “Estão cortando nossas pernas”.
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Governo busca atrair investidores
A flexibilização dos controles cambiais fez parte de uma mudança macroeconômica mais ampla, essencial para que o país firmasse um novo acordo de US$ 20 bilhões com o Fundo Monetário Internacional (FMI) no mês passado e começasse a atrair investimentos para impulsionar a economia. As empresas agora podem remeter lucros ao exterior sem as restrições anteriores.
Os investidores estrangeiros “reagiram bem” à suspensão dos controles cambiais, afirmou Fausto Spotorno, economista da consultoria OJF, em Buenos Aires. “A questão é onde esse dinheiro será investido.”
A Argentina ficou mais cara em comparação com seus vizinhos durante o governo Milei, o que reduziu uma importante fonte de dólares, já que os turistas se afastaram devido aos preços mais altos. Segundo dados oficiais, o turismo interno caiu 25% nos três primeiros meses de 2025 em relação ao mesmo período do ano anterior.
Ainda assim, há demanda pelo mercado paralelo por parte da ampla força de trabalho informal do país, afirmou Federico Filippini, economista-chefe da consultoria financeira Adcap, em Buenos Aires. Trabalhadores informais e empresários com renda não declarada continuam utilizando o câmbio paralelo para evitar a fiscalização tributária.
Muitos argentinos também costumam converter parte de sua renda em pesos para dólares como forma de proteção contra a volatilidade econômica.
No entanto, segundo Guadalupe Calvano, professora em Buenos Aires, a realidade é que muitos já não têm recursos suficientes para converter sua renda em dólares — seja no mercado paralelo ou oficial.
“As pessoas perderam sua capacidade de economizar”, disse Calvano. Ela conta que costumava reservar 10% do salário para comprar dólares, mas deixou de fazer isso porque sua renda não acompanhou o aumento recente no custo de produtos e nas contas de serviços públicos.
Embora a inflação tenha desacelerado durante o governo Milei, a renda dos servidores públicos, como os professores, caiu em termos reais. “Não consigo pensar em comprar dólares enquanto não tenho certeza se vou conseguir chegar ao fim do mês ou não”, disse Calvano.
Fonte: G1 Read More