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Um dos mais consagrados atores da América Latina, Darín usou o preço de empanadas (R$ 234 a dúzia, ou R$ 19,50 cada uma) para exemplificar aumento no custo de vida no país e comprou briga com apoiadores do governo Milei. Uma chuva de memes inundou as redes sociais com o tema nos últimos dias. Posts de Milei ironizando declaração de Ricardo Darín
Reprodução
O ator argentino Ricardo Darín, um dos mais consagrados da América Latina, está no centro da polêmica da semana na Argentina ao lado de outro grande símbolo do país: as empanadas.
Em entrevista a um programa de TV local, no último sábado (24), Darín usou o valor de uma dúzia de empanadas (48 mil pesos, ou R$ 234) para ilustrar a alta de preços na Argentina.
A reação foi um terremoto: críticas da cúpula do governo Milei, ironias do próprio presidente e uma chuva de memes nas redes sociais. Em comum, diziam que as empanadas escolhidas por Darín não simbolizavam a realidade, porque há opções vendidas por bem menos. Donos de comércios que vendem empanadas aproveitaram a onda, e o noticiário local repercutiu o embate público.
Clássico prato argentino, as empanadas são um salgado feito com massa recheada, que pode ser frita ou assada. Em São Paulo, também fazem sucesso: custam em torno de R$ 14 cada uma em dois restaurantes consultados.
Entenda abaixo o passo a passo da “guerra das empanadas”:
▶️ O início
No sábado (24), Darín, que vive entre Buenos Aires e Madri e estrela a série “O Eternauta”, deu a polêmica declaração sobre as empanadas ao programa “La Mesa de Mirtha”, do canal El Trece:
“As pessoas estão tirando os dólares dos colchões (…). Uma dúzia de empanadas está custando 48 mil pesos (cerca de R$ 234, ou R$ 19,50 cada uma). Não consigo entender. Há muita gente que está passando muito mal”, disse o ator ao ser perguntado sobre como acha que a Argentina está atualmente.
👀 A reação do governo Milei
Na segunda (26), o ministro da Economia da Argentina ironizou o ator e disse que uma dúzia de empanadas custa cerca de R$ 78, ou R$ 6,50 cada uma:
“Me deu vergonhazinha alheia. As empanadas não custam isso, Ricardinho. Fique tranquilo que as pessoas comem empanadas gostosas por 16.000 pesos [a dúzia]”, disse em entrevista ao canal LN+.
A inflação de alimentos na Argentina foi de 2,9% em abril e 14,6% no ano. No Brasil, em comparação, foi de 0,43% e 2,48%.
📱 Os memes, que até Milei compartilhou
Meme com a série O Eternauta, protagonizada por Darín
Reprodução
Nas redes sociais, as declarações de Darín viraram tema de memes, principalmente por meio de contas de apoiadores de Milei. A crítica ao ator era que as empanadas escolhidas por ele não podiam simbolizar o preço médio de uma iguaria vendida em outros lugares por valores mais em conta.
O próprio presidente argentino compartilhou uma série deles (veja na imagem acima). Os memes envolviam, por exemplo, a empanada em cenas da série “O Eternauta”, protagonizada por Darín, e comparavam o salgadinho a um anel de ouro. Ele não chegou a criticar textualmente o ator.
💰 Comércio capitaliza
Loja de empanada manda recado a Darín
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Até as casas de empanadas aproveitaram a polêmica para capitalizar. Uma delas fez propaganda afirmando que suas empanadas custavam bem menos, usando a entrevista de Darín. “Ricardo, te informo: dúzia a 10.999 (R$ 54)”, dizia uma delas.
A Mi Gusto, onde Darín comprou as empanadas, se viu obrigada a se explicar: os preços mais altos que a média se deviam à taxa do aplicativo de entregas. A loja então baixou o preço para 42 mil pesos a dúzia (R$ 205).
🎯 No alvo da polêmica, Darín se explica
Na segunda-feira (27), Ricardo Darín relativizou sua fala e criticou o ministro Luis Caputo:
“Obviamente, nem todas as empanadas custam isso. Há vários tipos de empanadas: as mais caras, mais baratas, depende do bairro (de Buenos Aires) onde você está. Mas acho que estava claro sobre o que estávamos falando, de que os preços estão altos”, declarou o ator, que disse ainda achar que a “chuva” de memes reflete o momento tenso no país por conta da alta de preços, da queda no consumo e do aumento na pobreza.
“Isso demonstra como as pessoas (na Argentina) estão carregadas e descontam nas redes todo o seu ódio, suas irritações.”
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Mais críticas
Para além dos memes, Darín também virou alvo de várias críticas nas redes. Na maioria delas, usuários acusaram o ator argentino de viver fora da realidade do país e de querer atacar o atual governo por ser kirchnerista (como são chamados os apoiadores da ex-presidente Cristina Kirchner, rival política de Milei).
Também pelas redes, Ricardo Darín retrucou usuários, afirmando ter criticado diversas vezes o governo de Cristina Kirchner e de seu sucessor, Alberto Fernández.
🫴 Apoio público
Outros usuários apoiaram o ator. “Este governo quer que você compre as empanadas mais baratas e que você viva pior sem reclamar”, disse um deles. Nesta terça-feira (27), a Associação Argentina de Atores e Atrizes publicou uma nota em apoio a Darín.
“No que se transformou em um hábito, em um modo de governar, a falta de respeito, a agressão explícita, grosseira e sarcástica, mais uma vez se mete com um membro de nossa comunidade apenas porque ele se expressou livremente”, disse o comunicado. “A intenção parece ser gerar medo e produzir autocensura.”
Corte de gastos de Milei
Desde que assumiu a Presidência da Argentina, em 2023, o ultraliberal Javier Milei tem adotado uma política de austeridade que ele próprio simboliza com uma motosserra.
Desde o início de seu mandato, eliminou milhares de cargos públicos e tem conseguido equilibrar as contas do país pela primeira vez em décadas.
Milei também liberou os preços de medicamentos, alimentos e tarifas de serviços públicos. Paralelamente, cortou aposentadorias, eliminou pensões e impôs limites aos reajustes salariais tanto ao setor público quanto no privado, o que reduziu drasticamente o poder de compra da população.
Com essas medidas, o governo conseguiu reduzir a inflação pela metade. O índice caiu de 211% em 2023 — ano em que Milei desvalorizou o peso em 50% — para 118% em 2024, registrando 47% na taxa interanual de abril.
Também em abril, o país recebeu um novo empréstimo de US$ 20 bilhões (R$ 113 bilhões, na cotação atual) do Fundo Monetário Internacional (FMI) — um voto de confiança do organismo, que em 2018 já havia concedido à Argentina o maior financiamento de sua história: cerca de US$ 45 bilhões (aproximadamente R$ 174 bilhões, na cotação da época).
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Fonte: G1 Read More