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Companhia aérea acionou o Capítulo 11 da Lei de Falências nos Estados Unidos e documento prevê diminuição da frota futura; ideia é substituir modelos antigos por mais novos e econômicos. Recuperação judicial da Azul: relembre os problemas da companhia aérea
A Azul anunciou nesta quarta-feira (28) que entrou com pedido de proteção sob o Capítulo 11 da Lei de Falências dos Estados Unidos — mecanismo semelhante à recuperação judicial no Brasil. Entre as medidas previstas está a redução da frota futura em 35%.
Ao g1, representantes da companhia defenderam que o plano tem o objetivo de otimizar a frota e reduzir custos de manutenção.
O documento com a “visão geral do plano de negócios” apresenta gráfico com a revisão da frota prevista para 2025 e 2027, que foi de 201 e 218 aeronaves, para 170 e 172, respectivamente.
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Segundo a empresa, o ajuste não afeta a chegada de novas aeronaves Embraer E2 – já adquiridas pela companhia nos últimos anos, e com entregas ainda para serem concluídas.
A ideia da Azul é, por meio do processo de recuperação, negociar com empresas e encerrar contratos de leasings [aluguel de aeronaves] de modelos já em uso, promovendo uma substituição da frota e deixando em operação modelos mais econômicos.
Por que as principais companhias aéreas do Brasil tiveram que pedir recuperação judicial?
A projeção é que os custos de combustível e manutenção das aeronaves mais modernas são 25% menores do que os modelos anteriores.
‘Operando normalmente’
Segundo a companhia aérea, o processo de recuperação nos Estados Unidos “permite às empresas operar e atender seus públicos de interesse normalmente, enquanto trabalham nos bastidores para ajustar sua estrutura financeira”.
O objetivo é reduzir significativamente o endividamento da companhia e gerar caixa. Segundo a empresa, o processo inclui US$ 1,6 bilhão em financiamento e deve eliminar mais de US$ 2 bilhões (cerca de R$ 11,28 bilhões) em dívidas, além de prever US$ 950 milhões em novos aportes de capital na saída do processo.
A Azul informou que, neste período, vai seguir operando normalmente, “mantendo nossos compromissos com nossos públicos de interesse, incluindo continuar voando e fazendo reservas como de costume”.
Azul entra com pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos
Capítulo 11: entenda o que é o mecanismo e a diferença para a recuperação judicial brasileira
A empresa também destacou que a medida conta com o apoio de seus principais stakeholders, incluindo detentores de títulos, sua maior arrendadora, a AerCap, e os parceiros estratégicos United Airlines e American Airlines.
Em comunicado aos investidores, John Rodgerson, CEO da Azul, atribuiu as dificuldades financeiras da companhia à pandemia de Covid-19, às turbulências macroeconômicas e aos problemas na cadeia de suprimentos da aviação.
Em nota, o Ministério dos Portos e Aeroportos disse que “acompanha com atenção o processo de recuperação judicial da companhia aérea Azul”.
O governo acredita que a reestruturação será bem-sucedida, como ocorreu com outras empresas do setor, como Latam e Gol. O ministério reforçou que segue monitorando o setor aéreo e oferecendo apoio institucional às companhias.
Companhia aérea azul voos Araxá e Patos de Minas
Azul/Divulgação
Episódios recentes
A medida anunciada nesta quarta é mais um episódio de problemas recentes aos quais a companhia conviveu no último ano. Entre eles, estão a suspensão de rotas no Brasil e cancelamentos de voos.
Além disso, a aérea fez uma negociação com credores para eliminar R$ 11 bilhões em dívidas.
Em entrevista ao g1 em janeiro, o CEO da empresa, John Rodgerson, disse que o acordo deixaria a companhia mais “forte do que nunca” e apontou corte de custos, falta de peças e dólar alto como razões para as suspensões e cancelamentos.
Relembre abaixo cada um dos episódios recentes que envolvem a crise financeira da Azul e saiba mais sobre o pedido de recuperação na Justiça norte-americana.
Suspensão de rotas no Brasil
Entre janeiro e fevereiro, a empresa, que tem como principal hub nacional o Aeroporto de Viracopos, em Campinas, suspendeu a operação em pelo menos 14 cidades brasileiras por conta de custos operacionais. Veja os municípios:
Barreirinhas (MA)
Campos (RJ)
Correia Pinto (SC)
Crateús (CE)
Jaguaruna (SC)
Iguatu (CE)
Mossoró (RN)
Parnaíba (PI)
Ponta Grossa (PR)
Rio Verde (GO)
São Benedito (CE)
São Raimundo Nonato (PI)
Sobral (CE)
Três Lagoas (MS)
Um dia antes de entrar com o pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos, na terça-feira (27), a Azul anunciou mais uma suspensão de rota. A partir do dia 3 de agosto, a companhia não vai mais operar o trajeto Campinas-Uberaba.
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“Os clientes terão como opção a rota para Confins, com oferta de uma frequência diária. O aeroporto de Confins / Belo Horizonte é o segundo hub da Azul no país”, disse a empresa em nota enviada ao g1.
Cancelamentos de voos
Ao longo de 2024, e especialmente no final do ano, a Azul conviveu com cancelamentos de voos. A companhia afirmou que, em sua maioria, são causados por fatores externos, como mau tempo ou problemas em aeroportos, e também pela necessidade de manutenção nas aeronaves, programadas ou não.
Em dezembro, a empresa cancelou voos no Aeroporto Internacional de Viracopos duas vezes em quatro dias, o que causou revolta de passageiros e bate-boca no terminal.
Rotas suspensas: CEO da Azul cita corte de custos, dólar alto e falta mundial de peças
‘Não vou voar onde estou perdendo dinheiro’
Na entrevista ao g1 em janeiro, John Rodgerson apontou corte de custos, opção por rotas mais lucrativas, falta mundial de peças e motores, alta do dólar como fatores para as suspensões de voos no início do ano. Relembre a entrevista no vídeo acima.
“Não vou continuar voando onde estou perdendo dinheiro. Então, como qualquer empresário, você aloca seus recursos da melhor forma possível”, disse à época.
O CEO pontuou que embora tenha anunciado a suspensão de rotas, a Azul permanece expandindo o mercado. “Antes da pandemia, a Azul operava em 110 cidades do Brasil. Hoje estamos em 160, e vamos para 150 com esses fechamentos, mas estamos servindo muito mais cidades que servíamos antes”, afirmou.
Também neste ano, a Azul anunciou novas rotas internacionais, com voos diretos de Campinas para Montevidéu, Madri e Porto.
Acordo para eliminar dívida
Rodgerson afirmou também que o acordo com os credores, além de um aporte de R$ 3,1 bilhões, iria garantir a companhia “mais forte que nunca”.
Segundo a Azul, a reestruturação teve início em 2024 a medida que a companhia enfrentava muitos desafios, como a desvalorização do real frente ao dólar, altos custos com combustível de aviação, problemas judiciais no setor, crise global de fornecimento e enchentes no Rio Grande do Sul.
“Este é mais um momento muito importante na história da Azul, pois encerra um processo de negociação que torna a nossa empresa mais sólida e robusta. Além da extinção de R$ 11 bilhões das obrigações financeiras, recebemos hoje um aporte de novo capital de mais de R$ 3,1 bilhões, que irão reforçar o balanço da companhia e garantir que estejamos mais fortes que nunca”, disse o executivo após o acordo.
Recuperação Judicial
O processo nos Estados Unidos “permite às empresas operar e atender seus públicos de interesse normalmente, enquanto trabalham nos bastidores para ajustar sua estrutura financeira”.
O objetivo é reduzir significativamente o endividamento da companhia e gerar caixa. De acordo com a empresa, o processo contempla US$ 1,6 bilhão em financiamento e deve eliminar mais de US$ 2 bilhões (cerca de R$ 11,28 bilhões) em dívidas, além de prever US$ 950 milhões em novos aportes de capital no momento da saída do processo.
A Azul informou que, neste período, vai seguir operando normalmente, “mantendo nossos compromissos com nossos públicos de interesse, incluindo continuar voando e fazendo reservas como de costume”.
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Fonte: G1 Read More