
Galípolo vê economia ‘resiliente’ mesmo com alta taxa de juros
03/06/2025Com resistências do Congresso à alta do IOF, Haddad diz que ‘sofre bastante no cargo’, mas que busca ‘brecha’ para soluções estruturais
03/06/2025
Na segunda-feira, a moeda norte-americana recuou 0,75%, cotada a R$ 5,6750. Já a bolsa encerrou em queda de 0,18%, aos 136.787 pontos. Notas de dólar
Reuters
O dólar opera em leve alta de 0,05% nesta terça-feira (3), cotado a R$ 5,6777 às 9h05. O Ibovespa só começa a operar após as 10h.
▶️ Hoje, o mercado repercute a redução na projeção de crescimento econômico global feita pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). A revisão foi motivada pelas tensões comerciais e pela incerteza gerada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Após uma alta de 3,3% em 2024, a OCDE prevê uma desaceleração para 2,9% em 2025 e 2026, com impacto mais forte nos EUA, Canadá e México. (leia mais abaixo)
▶️ No Brasil, os investidores continuam a monitorar os impasses em relação ao aumento do IOF. Em meio a pressões do Congresso para derrubar a medida, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deve apresentar hoje ao presidente Lula um pacote de medidas para substituir a alta do imposto.
Entre as possibilidades estudadas para compensar o eventual recuo, está um pacote de medidas no setor de petróleo e gás natural que pode gerar R$ 35 bilhões em arrecadação até 2026.
▶️ Na agenda econômica do dia, o destaque é a divulgação da produção industrial de abril pelo IBGE, que pode influenciar as expectativas para o PIB do segundo trimestre. Já nos EUA, o mercado analisa o relatório Jolts, que mostra vagas de trabalho abertas no país.
Entenda abaixo como cada um desses fatores impacta o mercado.
💲Dólar
a
Acumulado da semana: -0,75%;
Acumulado do mês: -0,75%;
Acumulado do ano: -8,17%.
📈Ibovespa
Acumulado da semana: -0,18%;
Acumulado do mês: -0,18%;
Acumulado do ano: +13,72%.
Desaceleração da economia global
A OCDE reduziu nesta terça-feira (3) sua previsão anual de crescimento econômico mundial para 2,9% em 2025 e em 2026, devido às tensões comerciais e à incerteza provocadas pela política tarifária de Donald Trump.
🔎 Analistas afirmam que o aumento das tarifas sobre importações pode elevar os preços finais e os custos de produção, pressionando a inflação e reduzindo o consumo — o que pode levar à desaceleração da economia.
No relatório anterior, divulgado em março, a organização formada por 38 países e com sede Paris projetava uma expansão de 3,1% para este ano e de 3% para 2026.
“Os riscos (…) aumentaram significativamente e a degradação das perspectivas econômicas será sentida em todo o mundo, quase sem exceção”, destacou o economista-chefe da OCDE, Álvaro Pereira.
Os efeitos, no entanto, terão nuances: “A desaceleração se concentraria nos Estados Unidos, Canadá e México, enquanto a China e as demais economias deveriam passar por ajustes para baixo mais limitados”, aponta a OCDE.
Nos EUA, a OCDE espera que a economia registre uma desaceleração “clara” de 2,8% em 2024 para 1,6% este ano – 0,6 ponto a menos que na previsão anterior – e para 1,5% em 2026.
No último capítulo da guerra de tarifas, nesta segunda-feira (2), Trump indicou que vai pressionar os países para que apresentem propostas “melhores” nas negociações comerciais com os EUA.
Na semana passada, a suspensão da maioria das taxas pela Justiça americana trouxe alívio aos investidores, mas o sentimento durou pouco.
A Corte de Apelações do Circuito Federal dos EUA aceitou o recurso de Trump e restabeleceu o tarifaço no dia seguinte à decisão, fazendo com que os mercados financeiros voltassem a atuar com cautela.
Além disso, os temores aumentaram ainda mais depois que Trump anunciou que planeja dobrar as tarifas sobre o aço importado pelo país, de 25% para 50%, e acusou a China de violar o acordo sobre o tarifaço.
Nos EUA, Trump dobra tarifas sobre aço importado
Impasse do IOF
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deve apresentar ao presidente Lula ainda nesta terça-feira (3) um pacote de medidas para substituir a alta do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
A elevação do IOF foi proposta há duas semanas, junto com um bloqueio de R$ 31,3 bilhões no orçamento deste ano, com o objetivo de equilibrar as contas públicas e cumprir a meta fiscal.
No entanto, o mercado reagiu mal à decisão, o que levou o governo a recuar no mesmo dia de parte da medida. Além disso, o Congresso começou a se movimentar para aprovar uma derrubada do decreto presidencial sobre o IOF, algo inédito nos últimos 25 anos.
O governo, então, buscou os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e negociou um prazo de dez dias para apresentar uma proposta alternativa que substitua parte dos ganhos que seriam obtidos com o novo IOF.
Entre as medidas que estão sendo estudadas, está um pacote no setor de petróleo e gás natural que pode gerar R$ 35 bilhões em arrecadação até 2026. Mas essa sugestão não está incluída no pacote que será levado a Lula hoje, segundo Haddad.
“Essa agenda [com Lula] já estava pré-fixada. Ele queria que na terça as coisas se resolvessem, para que ele pudesse viajar mais tranquilo, com as coisas endereçadas. E eu acredito que o plano de voo está bom, até superior ao que fizemos no ano passado. Do meu ponto de vista, dá uma estabilidade duradoura para as contas no próximo período”, disse o ministro.
Na segunda-feira (2), o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, reforçou sua posição crítica em relação ao aumento do IOF.
“Sempre tive a visão de que a gente não deveria usar o IOF nem para questões arrecadatórias nem para apoiar política monetária. Acho que é um imposto regulatório, como está bem definido”, afirmou Galípolo, durante evento com analistas do mercado financeiro.
Haddad deve apresentar a Lula nesta terça pacote para substituir alta do IOF: ‘Dá uma estabilidade duradoura para as ‘contas’
Fonte: G1 Read More