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Aumento das tarifas norte-americanas tem afetado a perspectiva de crescimento da atividade mundial. Redução foi de 0,4 ponto percentual em relação à previsão anterior. Logo do Banco Mundial
Johannes P. Christo/Reuters
O aumento das tarifas norte-americanas está afetando o crescimento da economia global e da América Latina. O Banco Mundial anunciou, nesta terça-feira (10), que revisou sua projeção para o crescimento mundial em 2025, para 2,3%.
O número representa uma queda em relação ao previsto em janeiro, quando a projeção de crescimento para o mundo era de 2,7%. Para a América Latina e o Caribe, a previsão é 0,2 ponto percentual (p.p.) menor.
Segundo o economista-chefe do Banco Mundial, Indermit Gill, citado em um comunicado, apesar de um “pouso suave” (controle da inflação sem recessão) ter parecido um futuro possível para a economia global, há sinais de que a atividade mundial está “caminhando para uma nova turbulência”.
“Se a trajetória não for corrigida, as consequências para os padrões de vida poderão ser profundas”, disse.
Banco Mundial reduz expectativa de crescimento em 2025 por causa de tarifas de Trump
Crescimento mais fraco
De acordo com a instituição financeira, os efeitos do tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e da guerra comercial entre Washington e Pequim, podem levar a uma desaceleração do comércio global.
Embora o Banco Mundial descarte o risco de recessão neste ano, a instituição acredita que, “se as previsões para os próximos dois anos se concretizarem”, a economia global experimentará um crescimento médio mais fraco.
Na América Latina, a demanda interna se mantém, mas as exportações enfraquecerão “em meio ao crescente protecionismo comercial e à incerteza política”, afirma o relatório.
O aumento das barreiras comerciais impacta “indiretamente” toda a região, juntamente com a queda esperada nos preços das matérias-primas.
Na América Latina, o país mais afetado é o México, a segunda maior economia da região. Segundo o Banco Mundial, a atividade mexicana deve crescer 0,2% este ano, uma queda de 1,3 p.p. em relação à projeção anterior. Em 2026, a previsão é de uma alta de 1,5%.
Washington impôs tarifas de 25% sobre importações não cobertas pelo Tratado de Livre Comércio da América do Norte (T-MEC), que também inclui os Estados Unidos e o Canadá.
“Isso enfraqueceu as exportações do México” e gerou incerteza em um país que enviou 80% de suas mercadorias exportadas para os Estados Unidos em 2024, “das quais aproximadamente metade não fazia parte do T-MEC”, afirma o Banco Mundial.
Além disso, a instituição espera que as altas taxas de juros derrubem a demanda interna no México.
O Banco Mundial ainda indicou que o tarifaço de Trump também deve ter efeitos no Brasil. Para o país, a previsão de crescimento aumentou 0,2 p.p., para 2,4%. O número, no entanto, ainda é muito menor do que o avanço visto em 2024, de 3,4%.
Nesse caso, diz a instituição, a revisão da projeção aconteceu em meio ao menor consumo e ao crescimento muito mais fraco do investimento.
Controle da inflação
Após dois anos de recessão, a previsão de crescimento econômico da Argentina se destaca: 5,5% neste ano (+0,5 p.p.) e 4,5% no próximo.
O Banco Mundial acredita que a recuperação da Argentina será impulsionada principalmente pelos setores de agricultura, energia e mineração e será apoiada pela “estabilização macroeconômica, pela eliminação dos controles cambiais e por novas reformas favoráveis aos negócios, que devem melhorar a confiança de consumidores e investidores”.
O Banco Mundial também divulgou a previsão de crescimento para outros países:
Colômbia: 2,5%
Chile: 2,1%
Peru: 2,9%
Bolívia: 1,2%
Costa Rica: 3,5%
República Dominicana: 4%
Equador: 1,9%
El Salvador: 2,2%
Guatemala: 3,5%
Honduras: 2,8%
Nicarágua: 3,4%
Panamá: 3,5%
Paraguai: 3,7%
Uruguai: 2,3%
Com a inflação prevista para permanecer próxima ao teto das metas do Banco Central em vários países, particularmente no Brasil e na Colômbia, o Banco Mundial vê pouca margem para reduzir as taxas de juros.
🔎Taxas elevadas desestimulam o consumo e o investimento e, portanto, pressionam os preços.
O desafio regional é “manter a inflação relativamente controlada”, alerta o Banco Mundial.
As previsões estão expostas a diversos riscos, como uma queda no crescimento nos Estados Unidos, com um possível efeito dominó sobre outras economias, ou na China, um parceiro comercial fundamental para muitos países sul-americanos.
A economia dos EUA deve crescer 1,4% este ano (-0,9 p.p.) e a da China 4,5% (sem alterações em relação a janeiro).
Há também um comprometimento das remessas enviadas por migrantes, principalmente a alguns países da América Central e do Caribe, onde “representam aproximadamente 20% do PIB”.
Fonte: G1 Read More