
‘Olho por olho, dente por dente?’ O que diz a Lei de Reciprocidade que Lula pode usar contra EUA
15/07/2025
Estudo aponta que Brasil continua com economia fechada, apesar de avanços
15/07/2025
Decreto que regulamenta Lei de Reciprocidade assinado por Lula é publicado
O dólar oscila no início do pregão desta terça-feira (15). Às 9h01, a moeda norte-americana caía 0,02%, cotada a R$ 5,5825. O Ibovespa, principal índice de ações da bolsa de valores brasileira (B3), só começa a operar às 10h.
Na véspera, o dólar fechou em alta de 0,65%, cotado a R$ 5,5837, o maior valor em mais de um mês. Já o Ibovespa caiu 0,65%, fechando aos 135.299 pontos.
▶️ Investidores acompanham a reação do Brasil ao tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que impôs taxa de 50% sobre produtos brasileiros. O vice-presidente do Brasil, Geraldo Alckmin, se reúne hoje com empresários para discutir a crise, e o governo publicou o decreto da Lei da Reciprocidade Econômica. (leia mais abaixo)
▶️ No exterior, também seguem as movimentações de Trump no comércio: ontem, ele anunciou a possibilidade de tarifas de até 100% contra a Rússia, caso não haja acordo de paz na guerra contra a Ucrânia. Além disso, no fim de semana, divulgou taxas de 30% ao México e à União Europeia, que buscam negociações para amenizar os impactos.
▶️ Dados da China e dos EUA também pesam. O PIB chinês cresceu 5,2% no 2º trimestre, sinalizando que o país conseguiu driblar as tarifas comerciais impostas por Trump. Nos EUA, saem hoje dados de inflação que também devem mostrar os impactos do tarifaço por lá.
▶️ No Brasil, o mercado ainda monitora a audiência de conciliação no STF sobre o IOF, marcada para as 15h. O governo defende a medida como justiça tributária, enquanto o Congresso critica a alta de impostos sem cortes de gastos.
Veja abaixo como esses fatores impactam o mercado.
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
💲Dólar
a
Acumulado da semana: +0,65%;
Acumulado do mês: +2,76%;
Acumulado do ano: -9,64%.
📈Ibovespa
Acumulado da semana: -0,58%;
Acumulado da semana: -0,66%;
Acumulado do mês: -2,57%;
Acumulado do ano: +12,48%.
Primeiros impactos das tarifas
Mercado de mel impactado: anúncio de taxação por Donald Trump prejudica a exportação
Apesar de alguns exportadores brasileiros já estarem enfrentando efeitos da medida de Trump, como os de mel orgânico e pescados, o impacto mais forte deve começar a ser sentido em agosto — especialmente se a tarifa de 50% for, de fato, aplicada, explica o consultor em comércio internacional Welber Barral.
Segundo ele, como uma carga pode levar até um mês para chegar aos EUA, muitas já foram despachadas na tentativa de desembarcar antes do dia 1º de agosto, quando a taxação entra em vigor.
Entre os setores que devem ser afetados pela tarifa, também estão o de café, carne bovina, suco de laranja, petróleo e aeronaves, produtos que lideram as vendas do Brasil para os EUA.
Outra preocupação no Brasil é a inflação. O mercado financeiro reagiu mal à nova taxa e o dólar subiu forte na semana do anúncio de Trump.
“Se o dólar permanecer alto, a inflação no Brasil persiste e o Banco Central mantém os juros altos [atualmente no patamar de 15%, o maior em quase 20 anos]. Isso desacelera a economia e pode entrar em recessão”, alerta o economista Robson Gonçalves, professor de MBAs da FGV.
Brasil estuda como responder Trump
Camarotti: Brasil vai negociar com firmeza tarifaço de Trump
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu, na noite deste domingo (13), ministros e o presidente do Banco Central, no Palácio da Alvorada, residência oficial, para discutir os próximos passos que o governo deve dar em relação ao tarifaço anunciado pelo governo dos Estados Unidos.
Entre os assuntos que foram discutidos, está a criação de um comitê de empresários para tratar de saídas para a crise, que deve acontecer ainda na manhã de segunda-feira (14).
De acordo com apurado pelo blog do Valdo Cruz, Lula quer mostrar que o tarifaço é um problema do país e não só do governo e que, por isso, todos devem se unir para proteger a economia brasileira, independentemente de suas preferências partidárias.
Também neste domingo, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso publicou uma carta pública em defesa da democracia e disse que diferentes visões de mundo “não dão direito a ninguém de torcer a verdade”.
O ministro ainda chamou os argumentos do governo americano para o tarifaço de “compreensão imprecisa” dos fatos ocorridos nos últimos anos.
🔎 A fala tem relação com a carta enviada por Trump para anunciar a tarifa de 50%. No documento, o presidente norte-americano justificou a elevação das taxas atacando o julgamento de Jair Bolsonaro no STF e as ações sobre as grandes empresas de redes sociais — as big techs.
Por isso, em notas, discursos e publicações nas redes sociais, o presidente Lula tem dito que o Brasil é um país soberano e que não aceitará ser tutelado por ninguém. Ele também tem afirmado que, embora o país ainda aposte nas negociações com os americanos, usará a lei da reciprocidade se for necessário.
Já nesta segunda-feira, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin (PSB), afirmou que o governo realizará reuniões com o setor privado para discutir a resposta brasileira ao aumento das tarifas.
Ainda segundo o vice-presidente, a expectativa é que o governo edite até esta terça (15) o decreto que regulamenta a lei de reciprocidade. (entenda mais sobre a medida)
Trump diz, porém, que se o Brasil reagir elevando suas próprias tarifas, os EUA aumentarão ainda mais as taxas sobre produtos brasileiros.
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Tarifas contra o México, UE e mais
União Europeia declara que está pronta para responder às tarifas de Donald Trump
Na semana passada, o presidente Donald Trump prorrogou até 1º de agosto a trégua tarifária iniciada em abril, dando mais três semanas para concluir acordos comerciais ainda pendentes. No entanto, em um movimento de pressão, publicou 25 cartas notificando mudanças tarifárias a países parceiros.
As últimas notificações foram enviadas ao México e a União Europeia, que receberam taxas de 30%. Além disso, Trump anunciou uma tarifa de 50% sobre todas as importações de cobre nos EUA e de até 200% sobre produtos farmacêuticos.
Em resposta, a União Europeia estendeu a suspensão das medidas do bloco contra o tarifaço até o início de agosto, visando uma solução negociada para o comércio com Washington.
Nesta segunda (14), o ministro das Relações Exteriores dinamarquês, Lars Lokke Rasmussen, disse que as tarifas são “absolutamente inaceitáveis”, mas que os membros da UE tentarão negociar com os EUA.
🔎 A volta das atenções de Trump para as tarifas reacende preocupações sobre eventuais efeitos dessas taxas na inflação dos EUA e do mundo. Isso porque a leitura dos investidores é que as taxas impostas por Trump podem acabar aumentando os custos de produção baseados em produtos importados e, consequentemente, elevar os preços ao consumidor.
Caso se concretize, esse cenário tende a pressionar a inflação norte-americana e pode forçar o Fed a manter os juros do país altos por mais tempo — o que, por sua vez, também poderia fortalecer o dólar e afetar as taxas de juros de outros países pelo mundo.
O republicano também ameaçou, nesta segunda-feira, um pacote de tarifas severas à Rússia, caso o governo de Putin não alcance um acordo de paz com a Ucrânia em até 50 dias. Segundo o presidente norte-americano, as taxas serão de “cerca de 100%”, além dos valores já aplicados atualmente.
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Amanda Perobelli/ Reuters
Fonte: G1 Read More