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O subsolo brasileiro guarda um tesouro cada vez mais cobiçado no cenário geopolítico global: os minerais críticos e estratégicos (MCEs). De olho nesse potencial, o governo dos Estados Unidos tem reiterado seu forte interesse em garantir acesso a esses recursos, essenciais para a transição energética e o avanço tecnológico mundial. O encarregado de negócios da embaixada dos EUA no Brasil, Gabriel Escobar, voltou a manifestar o interesse norte-americano nos MCEs, conforme revelou Raul Jungmann, presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). A manifestação ocorreu em reunião com o setor privado, reforçando um recado que já havia sido transmitido há cerca de três meses.
Os MCEs são a base da economia do presente e do futuro. Eles estão presentes em tecnologias de ponta, como os chips de celulares e computadores, e são fundamentais para a transição energética, alimentando turbinas eólicas, painéis solares e, principalmente, a nova geração de veículos elétricos. Dentre eles, as Terras Raras se destacam, sendo tão vitais que os EUA já fecharam acordos sobre elas com países como Ucrânia e até mesmo com a China.
O Brasil se posiciona como um dos poucos países com um potencial significativo para atuar nesse tabuleiro global. Além de vastas reservas naturais, o país conta com vantagens comparativas como uma matriz energética limpa e uma consolidada tradição mineradora. Entre os minerais mais cobiçados e suas abundâncias no território brasileiro, destacam-se:
- Nióbio: o Brasil é líder mundial, detendo cerca de 94% das reservas globais, com a maior parte da produção concentrada em Araxá, Minas Gerais.
- Terras-raras (ETRs): o país possui a segunda maior reserva conhecida desses elementos no planeta, atrás apenas da China. São vitais para ímãs permanentes em turbinas eólicas e motores de veículos elétricos.
- Lítio: essencial para baterias recarregáveis, o Brasil é o quinto maior produtor global, com o Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, emergindo como um polo estratégico para o mineral.
- Grafite: fundamental para baterias e materiais avançados como o grafeno, o Brasil detém cerca de 22% das reservas mundiais, com produção relevante na Bahia e em Minas Gerais.
- Níquel: crucial para baterias de veículos elétricos e ligas especiais, com reservas significativas em Goiás, Bahia e Piauí.
- Cobre: essencial para a infraestrutura elétrica da transição energética, com potencial expressivo na Amazônia.
- Urânio: utilizado para energia nuclear, com importantes reservas em Poços de Caldas (MG), Itataia/Santa Quitéria (CE) e Lagoa Real/Caetité (BA).
- Manganês e cobalto: também presentes e de grande importância.
Além das reservas conhecidas, estudos recentes apontam indícios de uma reserva estratégica de minerais na Bacia do Parnaíba, no Piauí, ampliando ainda mais o horizonte de possibilidades do país.
O olhar estratégico de Washington
O interesse americano nos minerais críticos do Brasil não é casual. A busca por um suprimento diversificado e seguro desses materiais é uma questão de segurança nacional e competitividade econômica. Os EUA visam reduzir sua dependência de cadeias de suprimentos concentradas, especialmente da China, que hoje domina grande parte da mineração e do refino de muitos MCEs. A interrupção chinesa na exportação de terras raras para os EUA em 2010 serviu como um alerta. Para Washington, o acesso garantido a esses minerais é vital para:
- Segurança nacional: fabricação de equipamentos de defesa de alta tecnologia.
- Transição energética: impulsionar a produção de veículos elétricos, energias renováveis e baterias.
- Liderança tecnológica: manter a vanguarda na indústria de semicondutores e eletrônicos.
Apesar do interesse do governo americano, o Ibram reafirmou que as negociações em torno de acordos sobre minerais críticos são “privativas do governo” brasileiro, enquanto a entidade buscará negociar diretamente com o setor privado dos EUA. Em evento realizado em Minas Gerais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que “ninguém põe a mão” nos minerais brasileiros. A discussão ocorre em um momento de tensões diplomáticas, como a imposição de tarifas americanas sobre produtos brasileiros, que o governo Lula considera uma retaliação política.
O desafio para o Brasil, no entanto, vai além da extração. O país busca não apenas ser um fornecedor de matéria-prima, mas desenvolver capacidade de refino e agregar valor aos minerais em seu próprio território, transformando o potencial geológico em desenvolvimento tecnológico e industrial. Essa é a chave para o Brasil consolidar sua posição como um ator relevante na geopolítica dos minerais críticos.
Publicada por Felipe Dantas
*Reportagem produzida com auxílio de IA
Fonte: Jovem Pan Read More