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Com sede na Avenida Faria Lima, coração financeiro de São Paulo, a Reag foi alvo de mandados de busca e apreensão pela Polícia Federal na manhã desta quinta-feira (28), em uma investigação sobre suposta ligação com o Primeiro Comando da Capital (PCC).
Listada na B3 sob o ticker REAG3, a gestora vê suas ações despencarem 22,87% no pregão, por volta das 12h, refletindo a reação imediata dos investidores à operação.
Em fato relevante publicado nesta manhã, a gestora confirma que é alvo da operação da PF. “Trata-se de procedimento investigativo em curso.”
Fundada em 2013, a Reag Investimentos é um a maior gestora independente do Brasil, sem ter relação com bancos, tendo R$ 299 bilhões sob gestão de pessoas físicas, empresas, fundos de pensão e investidores institucionais. Além disso, a empresa se destaca por ser a primeira de Wealth Management listada na B3.
A gestora é controlada pela Reag Capital Holding S/A, que também controla outra holding independente alvo da operação, a CiabraSF (ADMF3).
“As companhias manterão seus acionistas e o mercado informados sobre o desenvolvimento dos assuntos objeto deste fato relevante”, diz o comunicado enviado ao mercado.
Quem é a Reag?
Fundada em 2012 por João Carlos Mansur, a Reag Investimentos oferece “soluções financeiras sofisticadas e personalizadas”, com foco em investimentos alternativos. À frente da gestora, Mansur tem mais de 35 anos de experiência em auditoria, controladoria e planejamento estratégico.
A empresa ganhou ainda mais visibilidade ao se tornar patrocinadora do Cine Belas Artes, um dos cinemas mais tradicionais de São Paulo. Com a aquisição dos naming rights — direito de dar nome a um espaço mediante contrato —, o local passou a se chamar REAG Belas Artes.
Nos últimos anos, a gestora realizou uma série de aquisições que ampliaram sua atuação e consolidaram sua presença no mercado. Entre as casas incorporadas estão Hieron, Berkana, Rapier, Quadrante e Quasar.
Em 2024, a Reag adquiriu a Empírica Investimentos, especializada em crédito estruturado e FIDCs (Fundo de Investimento em Direitos Creditórios), o que a posicionou entre as três maiores do segmento, com cerca de R$ 25 bilhões sob gestão.
O ano de 2025 marcou um novo capítulo na história da empresa: em janeiro, a Reag realizou uma operação de incorporação reversa da plataforma de serviços GetNinjas, utilizando sua estrutura já listada na B3 para transformar-se em uma holding aberta.
Com essa reorganização societária, a GetNinjas deixou de existir como empresa independente, e suas ações passaram a ser negociadas sob o código REAG3.
Menos de dois meses após sua estreia na bolsa, a Reag Capital Holding anunciou um novo movimento estratégico: a listagem da Companhia Brasileira de Serviços Financeiros (CiabraSF), outra empresa do grupo, sob o ticker ADMF3.
A CiabraSF nasceu com um portfólio robusto, administrando mais de 700 fundos e com um patrimônio líquido próximo de R$ 240 bilhões.
Entenda a operação da PF
A megaoperação tem o objetivo de desarticular o esquema criminoso bilionário no setor de combustíveis e já é considerada a maior da história do Brasil contra o crime organizado.
As autoridades levaram em conta a cooperação das polícias dos estados e a amplitude da megaoperação. A força-tarefa nacional conta com cerca de 1.400 agentes, que cumprem mandados de busca, apreensão e prisão em oito estados.
A megaoperação Carbono Oculto é a junção de três operações e acontece em São Paulo, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Paraná, Rio de Janeiro e Santa Catarina. O grupo sonegou mais de R$ 7,6 bilhões em impostos federais, estaduais e municipais, segundo autoridades da Fazenda de SP.
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As irregularidades foram identificadas em diversas etapas do processo de produção e distribuição de combustíveis no país. O esquema tem lesado não apenas os consumidores que abastecem seus veículos no Brasil, mas toda uma cadeia econômica ligada aos combustíveis.
O PCC agia na importação irregular de produtos químicos para adulterar os combustíveis. Os investigadores identificaram mais de 300 postos de combustíveis que atuam nessas fraudes. Já o setor estima um impacto maior, em cerca de 30% dos postos em todo o estado de São Paulo, em torno de 2.500 estabelecimentos.
A Receita Federal também identificou ao menos 40 fundos de investimentos, com patrimônio de R$ 30 bilhões, controlados pelo PCC. Segundo o órgão, as operações aconteciam justamente no mercado financeiro de São Paulo, através de membros infiltrados na Avenida Faria Lima.
Esses fundos de investimentos foram utilizados como estruturas de ocultação de patrimônio, afirmam os auditores federais.
Mais de 350 alvos – entre pessoas físicas e jurídicas – são suspeitos de crimes contra a ordem econômica, adulteração de combustíveis, crimes ambientais, lavagem de dinheiro, fraude fiscal e estelionato.
As principais empresas alvo da operação são:
Grupo Aster/Copape, donos de usinas, formuladoras, distribuidoras e rede de postos de combustíveis usada pela organização criminosa;
BK Bank, fintech financeira utilizada para movimentar dinheiro por meio de contas bolsão não rastreáveis;
Reag, fundo de investimento usado na compra de empresas, usinas e para blindagem do patrimônio dos envolvidos.
Reag Belas Artes
Reprodução/Google
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Fonte: G1 Read More