O dólar na terça-feira fechou próximo de R$5,70. A pergunta agora é se o dólar poderá chegar a R$6,00? A resposta é sim, por inúmeros fatores. O primeiro motivo para explicar a guinada da moeda norte americana é a elevação do risco de crédito no país – a incerteza do governo em não honrar a sua dívida interna. A elevação desse risco decorre do aumento da deterioração das contas públicas, tema abordado frequentemente nesta coluna.

O déficit nominal do governo não cede, tornando o endividamento crescente. Hoje, a dívida bruta brasileira representa quase 80% do PIB. Se a dívida continuar subindo, chegará um momento em que ela poderá se tornar impagável. Diante desse risco, os investidores agem racionalmente, fugindo para uma moeda forte como o dólar.

Outro fator que tem apreciado a moeda norte americana é a expectativa de corte de juros menor do que o esperado nos EUA. Inicialmente, o mercado acreditava numa queda de 0,5 p.p. no Fed Fund Rate para a próxima reunião de novembro. Porém, o mercado de trabalho aquecido e o índice de preço ao consumidor (CPI) acima do consenso de mercado acenderam a luz amarela do risco inflacionário para o Banco Central nos EUA.

Com esse cenário, o mercado espera agora uma queda de apenas 0,25 p,p. Um corte menor de juros nos EUA torna as taxas na renda fixa americana mais atrativas, o que aumenta a demanda por dólares, elevando preço da moeda. Outro ponto que desvaloriza o real perante o dólar é o crescimento chinês menor do que o esperado. Com a desaceleração da economia chinesa, o gigante asiático compra menos commodities do Brasil, o que representa menor entrada de dólares no país. A menor oferta de dólares também eleva o preço da moeda dos EUA.

As tensões no Oriente Médio também explicam a alta do dólar. Com o aumento do risco geopolítico, de um conflito direto entre Irã e Israel, os investidores optam por moedas seguras, como o dólar. Todos esses fatores explicam a alta da moeda norte americana. Mas, sem dúvida, o principal responsável pela alta do dólar é o governo brasileiro com sua política fiscal expansionista, baseada na elevação de gastos estruturais. Se o dólar chegar a R$6,00, já sabemos quem é principal culpado.

Fonte: Jovem Pan Read More