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04/02/2025
Picape compacta deixou os hatches para trás pelo quarto ano seguido. Mas o hatch da Volkswagen e lançamentos previstos para o ano podem tirar a tranquilidade da líder de vendas em 2025. Fiat Strada
divulgação/Fiat
A Fiat Strada foi o veículo zero km mais vendido do Brasil em 2024. Esse é o quarto ano consecutivo de hegemonia de uma picape compacta em um país que, até então, era dominado pelos hatches.
A chegada da Strada à liderança de emplacamentos é um marco do mercado automotivo. Ela desbancou o Chevrolet Onix, que ocupou a ponta por seis anos seguidos e chegou a vender 250 mil unidades por ano.
Antes do Onix, o campeão de vendas era o Volkswagen Gol, que liderou por 27 anos e que nos tempos áureos vendia mais de 303 mil unidades ao ano.
Havia um padrão na lista de carros mais vendidos do Brasil: sempre um hatch.
Mas, enquanto as marcas brigavam pelo carro de entrada do mercado, a Strada pegou uma reta de crescimento linear, e se aproveitou da importância que o consumidor passou a dar para um carro multiuso.
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Modelos como a Strada, a Volkswagen Saveiro e a Renault Oroch são uma espécie de híbrido que mistura a picape com um carro compacto e barato.
De acordo com Murilo Briganti, diretor de operações da Bright Consulting, esse é um segmento que cresceu cerca de 44% em apenas quatro anos.
“Até 2020, as picapes derivadas de carros compactos compunham 9% das vendas no Brasil. Ao final de 2024, já possuem mais de 13% de participação”, comenta Briganti.
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A renovação dos SUVs
Curiosamente, uma parte importante do destaque que as picapes conquistaram nos últimos anos pouco tem a ver com elas. O surgimento dos SUVs compactos tirou o amplo domínio dos hatches, embolando a corrida pelo carro mais vendido do país.
O movimento é perceptível quando se analisa a lista dos 10 carros mais vendidos na última década. Em 2014, havia oito hatches no top 10. Em 2024, são apenas cinco.
Há 10 anos, não havia nenhum SUV na lista. Hoje, são quatro. E quem completa o ranking é a Fiat Strada. (veja o gráfico abaixo)
“O mercado brasileiro tem priorizado veículos que conciliem transporte pessoal e capacidade de carga. Os hatches perderam espaço como escolha principal”, afirma Briganti, da Bright Consulting.
Para Milad Kalume Neto, consultor independente especializado no setor automotivo, os hatches perderam atratividade porque não há mais um diferencial bom de preço para os SUVs, o que derruba o interesse do consumidor.
“Você tem valor agregado muito maior nos SUVs, que ganham novas tecnologias antes dos hatches”, comenta Kalume Neto.
Quem também perdeu o diferencial de preço foram os “carros populares”, como Renault Kwid e Fiat Mobi, e os sedãs pequenos como Fiat Cronos e Hyundai HB20S.
Kalume Neto lembra que a chegada de uma enxurrada de SUVs compactos, com patamar de preço mais baixo, podem remover ainda mais hatches da lista dos 10 veículos mais vendidos já neste ano.
Só nos últimos 12 meses, foram lançados SUVs compactos como Renault Kardian, Peugeot 2008, Citroën Basalt, novos Volkswagen T-Cross e Nivus, além de versões híbridas de Fiat Pulse e Fastback.
“A própria Volkswagen vai canibalizar um pouco a venda do Polo com o lançamento do Tera. A marca deve priorizar o Polo só em versão simples, para menor preço e venda de frota para locadoras”, diz o analista.
A chegada de novos (e melhores) concorrentes, com preços parecidos, fez com que houvesse uma migração de compradores. O Onix é um grande exemplo, que viu suas vendas minguarem em apenas dois anos.
Em 2019, o compacto da GM emplacou 241.214 unidades. Passou para 73.623 em 2021 — uma queda de 70% do volume comercializado antes da pandemia.
Claro que todas as fabricantes sofreram neste momento, com vendas menores e a crise de semicondutores. Mas a Chevrolet nunca conseguiu recuperar os números. Em 2024, foram 97.503 unidades vendidas e um segundo lugar no top 10 nacional.
Por tudo isso, é difícil cravar qual será o próximo veículo mais vendido do país.
Desde que a Strada assumiu a liderança, o Polo foi seu grande competidor. Em 2024, a diferença foi de apenas 4.507 unidades vendidas. Mas é preciso ver se o fôlego se manterá, e colocará a Volkswagen de volta no topo, depois de 10 anos.
Como a Strada chegou lá?
Por mais que a grande disputa do mercado automotivo tenha sido entre hatches e SUVs, fica a pergunta: como a Strada, uma picape, assumiu a ponta?
Em 2024, a Fiat Strada vendeu 2,53 vezes mais que a segunda picape mais comercializada no Brasil, que é a Volkswagen Saveiro. Foram 144.684 unidades, contra 56.984 da rival.
Para Leonardo Furtado, superintendente do Auto Shopping Internacional de Guarulhos, a Strada se destaca no mercado por dois motivos: a capilaridade de concessionárias Fiat e o investimento da marca nos diferenciais do modelo.
“A quantidade de modelos diferentes, envolvendo cabine simples ou dupla, ajuda e dá muitas opções para quem compra”, afirma o executivo.
“Ela tem baixo custo de manutenção, o consumo de combustível não fica acima de um hatch convencional, além de tecnologia e conforto que a Saveiro não acompanha.”
Furtado diz ainda que a Strada fica mais interessante que a Saveiro por conta da suspensão em feixe de mola, que entrega maior capacidade de carga.
Murilo Briganti, da Bright Consulting, lembra que a última geração da Strada recebeu melhorias significativas no design, acabamento e tecnologia embarcada, que a aproximou do conforto e recursos dos hatches compactos e alguns SUVs.
“Embora tenha subido de preço em relação às versões anteriores, a Strada continua competitiva em custo-benefício, especialmente considerando sua robustez e baixa desvalorização”, aponta.
Júnior Melo, gerente comercial da concessionária Fiat Bali Sia, em Brasília (DF), comenta que em sua carteira de clientes, a Strada atende a um público amplo, do produtor rural, às empresas e varejo da cidade, da mesma forma que pessoas físicas que queiram andar pela cidade.
“Estes clientes pensaram em ter um espaço interno que ocupa a família, além da caçamba para carregar ração animal, algum material como tábua ou ferragens”, complementa.
“São muitas versões, que atendem tanto no circuito urbano, como situações emergenciais e também para ir até sítio ou rancho. Tudo em um só carro.”
Tassio Ricardo, empresário em Santos (SP), planeja trocar seu Fiat Argo por uma Strada, também visando ter um veículo multiuso. “O espaço interno da versão cabine dupla é o mesmo do meu Argo, o conforto também e a picape ainda tem tela da central multimídia maior”, comenta.
“Gosto do visual dela, que me deixa trabalhar tanto carregando carga para meu restaurante, como um fogão, geladeira ou uma porta para trocar em casa e ainda assim não parece que estou com um carro de trabalho”, complementa Tassio.
Fonte: G1 Read More