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23/06/2025
Após se aproximar de R$ 5,55 pela manhã, o dólar perdeu força ao longo da segunda etapa de negócios e encerrou a sessão desta segunda-feira (23), em queda de 0,39%, a R$ 5,5032, passando a acumular desvalorização de 3,78% em junho. O real se beneficiou da onda de enfraquecimento da moeda norte-americana no exterior, em meio à diminuição da percepção de risco nos mercados globais.
Ataques do Irã a bases dos Estados Unidos no Catar e no Iraque, no início da tarde, provocaram certo desconforto em um primeiro momento. Logo em seguida, contudo, os ativos de risco se recuperaram diante da avaliação de que a ofensiva iraniana foi limitada, sinal de que Teerã não deseja um confronto maior com os EUA. Também houve redução dos temores de bloqueio do estreito de Ormuz, por onde são escoados cerca de 20% da produção global de petróleo.
Não por acaso, as cotações do petróleo mergulharam à tarde, com o contrato do tipo Brent para setembro, que chegou a superar US$ 81, fechando o dia em baixa de 6,67%, a US$ 70,52. Termômetro do desempenho do dólar em relação a uma cesta de seis divisas fortes, o índice DXY, que tocou 99,421 pontos na máxima, rondava os 98,400 pontos no fim do dia.
A aversão ao risco vista no início do dia refletia os temores de uma agravamento do conflito no Oriente Médio, após ataques dos Estados Unidos no fim de semana a três instalações nucleares no Irã. O Parlamento iraniano aprovou resolução para fechamento do estreito de Ormuz, mas a decisão cabe ao Conselho Supremo de Segurança Nacional e ao aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do país. Em publicação no X após a retaliação iraniana aos EUA, Khamenei afirmou que o país não agrediu ninguém e que não aceitará “nenhum tipo de agressão, sob nenhuma circunstância”.
Sem picos de aversão ao risco no exterior, a perspectiva é que o real possa até se apreciar mais nos próximos dias e romper o piso de R$ 5,50 no fechamento, diante da expectativa de aumento do diferencial de juros interno e externo, que estimula as operações de carry trade. Na quarta-feira passada (18), o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa Selic em 0,25 ponto porcentual, para 15% ao ano, e sinalizou em seu comunicado a manutenção dos juros nos níveis atuais por “período bastante prolongado”.
Lá fora, investidores mantêm a aposta de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) vai reduzir a taxa básica de juros americana em 50 pontos-base neste ano, embora o presidente do Banco Central (BC) americano, Jerome Powell, tenha alertado, em entrevista coletiva também na quarta-feira, para o impacto inflacionário do tarifaço de Trump.
Pela manhã, a vice-presidente de Supervisão do Fed, Michelle Bowman, sinalizou que apoiaria um corte de juros já na próxima reunião de política monetária do banco, em julho, se a inflação continuar dando sinais de arrefecimento. À tarde, o presidente do Fed de Chicago, Austan Goolsbee, disse que o BC americano pode cortar juros caso a “sujeira” das tarifas se dissipe.
Bolsa
As hostilidades em andamento no Oriente Médio – que envolveram nesta segunda-feira (23), ataques, ainda que telegrafados pelo Irã, a bases norte-americanas no Catar – mantiveram o apetite por risco na defensiva nesta abertura de semana. Aqui, no pior momento, o Ibovespa parecia a caminho da faixa dos 135 mil pontos em fechamento pela primeira vez desde o último dia 9.
Ao fim, o índice marcava 136.550,50 pontos, em baixa moderada a 0,41%, com giro a R$ 20,5 bilhões na sessão. Entre mínima e máxima do dia, oscilou dos 135.835,25 aos 137.130,13 pontos, saindo de abertura aos 137.115,66. No mês, recua 0,35%, ainda acumulando ganho de 13,52% no ano.
Apesar das tensões sem um desfecho previsível, os índices de ações subiram em Nova York, com S&P 500 (+0,96%) à frente na sessão, e os preços do petróleo Brent e WTI recuaram mais de 6,5%, devolvendo parte dos prêmios de risco que haviam se acumulado na commodity desde que Israel iniciou, na madrugada do último dia 13, ataques ao Irã – situação geopolítica que se tornou ainda mais sensível com o envolvimento direto dos Estados Unidos, neste sábado, em ataques a instalações associadas ao programa nuclear do Irã, em ação inédita no país envolvendo os superbombardeiros B-2 Spirit.
Ainda assim, apesar da recomendação feita pelo Parlamento iraniano, o Estreito de Ormuz, por onde passam 20% do fluxo global de petróleo, permanece aberto, o que reforça a expectativa de que o Irã esteja, de fato, interessado em uma trégua negociada, e não no acirramento de tensões. Ali perto, no Bahrein, está a frota naval americana que assegura o tráfego de petroleiros pelo Golfo Pérsico.
Na B3, com queda que chegou a superar 7% nos preços do petróleo durante a sessão, ambas as ações de Petrobras fecharam em baixa (ON -2,81%, PN -2,50%). Por outro lado, a principal ação da carteira, Vale ON, subiu 1,26%, a R$ 50,55 (na máxima do dia no fechamento, exceção entre as blue chips a conseguir mostrar ganho nesta segunda-feira.
Outro segmento de peso, o financeiro, registrou em geral perdas em torno ou pouco acima de 1% durante a sessão, com destaque negativo no fechamento para Santander (Unit -1,19%) e Banco do Brasil (ON -1,22%). Na ponta ganhadora do Ibovespa, destaque para os frigoríficos BRF (+4,67%) e Marfrig (+4,46%), à frente de RD Saúde (+3,64%). No lado oposto, Cosan (-4,67%), Vamos (-4,24%) e Raízen (-4,07%).
*Com informações do Estadão Conteúdo
Publicado por Carolina Ferreira
Fonte: Jovem Pan Read More