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As projeções do mercado financeiro para o resultado primário de 2025 se mantiveram relativamente estáveis em relação ao boletim de maio, segundo os dados mais recentes do Prisma Fiscal, uma coleta de expectativas realizada pela Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda. A mediana das estimativas das instituições consultadas em julho aponta para um déficit primário de R$ 72,11 bilhões, o equivalente a 0,57% do PIB.
Apesar da piora registrada em junho, o mercado voltou a ajustar suas projeções para patamares próximos aos de maio, quando se estimava um déficit de R$ 72,69 bilhões. Em relação ao início da série, houve melhora significativa: em julho de 2024, o déficit esperado era de R$ 95,34 bilhões — R$ 23,23 bilhões acima da projeção atual.
Importante destacar que as estimativas de mercado não consideram a dedução do pagamento de precatórios, no valor de R$ 45,32 bilhões, permitida para fins de cumprimento da meta fiscal. Com essa compensação, o déficit ajustado estimado pelo mercado seria de R$ 26,79 bilhões, valor abaixo do limite inferior da meta (R$ 31,07 bilhões). Ou seja, o mercado ainda trabalha com cenário de cumprimento da meta fiscal para 2025.
Tarifas dos EUA afetam exportações brasileiras e elevam incerteza
Durante a apresentação do boletim, o secretário de Política Econômica, Guilherme Mello, alertou para os riscos envolvendo a nova tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos de setores estratégicos. Atualmente, 12% das exportações brasileiras do PIB, têm como destino os EUA, sendo que estados como São Paulo e Espírito Santo mantêm uma forte dependência desse mercado.
Segundo ele, o impacto será desigual: “Alguns setores podem sofrer mais, né, dado que são setores de produtos tecnologicamente mais avançados, com uma demanda mais específica. Isso não quer dizer que eles não podem também redirecionar para outros mercados, mas esse processo não é tão rápido e simples quanto os produtos básicos”.
O governo ainda não projeta um cenário claro para eventuais tarifas sobre importações brasileiras, mas reconhece a possibilidade de retaliação com base na lei de reciprocidade. “Como se usa na lei da reciprocidade, mas não é algo que está dado, anunciado, construído, então é muito difícil você trabalhar com hipóteses. Uma vez que nós tivermos mais informações, mais claras sobre como esse processo vai terminar, obviamente nós vamos fazer as nossas simulações de impacto e trazer isso para dentro.”
Ele também ponderou sobre o risco inflacionário de medidas futuras: “O impacto inflacionário de tarifas de importação… Como elas não existem ainda, é muito difícil pensar, mas existe, obviamente, uma discussão de eventuais impactos inflacionários da imposição de tarifas sobre a exportação de produtos brasileiros pelos Estados Unidos.”
Além dos setores mais sensíveis, o secretário apontou que os efeitos poderão variar de acordo com a estrutura de cada empresa, destacando que muitas delas possuem filiais ou sedes nos EUA, o que altera a forma de tributação. Ainda assim, ele reforçou que, do ponto de vista macroeconômico, o impacto será limitado, já que o Brasil hoje tem menor dependência do mercado norte-americano do que tinha há 20 anos.
Fonte: Jovem Pan Read More