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Três semanas após o início do tarifaço, o governo avalia que os setores da indústria serão os mais afetados e vê uma redução nas expectativas de perdas para o agronegócio.
Integrantes do governo receberam informações, nessas primeiras semanas da alíquota de 50% aplicada pelos Estados Unidos, de que boa parte dos exportadores de alimentos está conseguindo redirecionar a produção para outros países ou até manter contratos com norte-americanos, apesar da sobretaxa — como no caso da venda de mangas.
Outros produtos alimentícios, como carnes, café e açúcar, que tinham bastante peso no comércio com os Estados Unidos, também têm, na avaliação do governo, conseguido espaço em outros mercados ou capacidade de reorganização diante da barreira imposta por Donald Trump.
Por isso, segundo integrantes do governo ouvidos pela TV Globo e pelo g1, esses três itens — carnes, café e açúcar — não devem ser incluídos no programa que agiliza compras públicas para absorver os alimentos que não conseguirem ser exportados após o tarifaço.
Exportadoras brasileiras atingidas pelo tarifaço negociam custo extra com clientes americanos
A preocupação é maior em relação a setores industriais, principalmente os de produtos têxteis, calçados, máquinas, equipamentos e autopeças.
“Produtos alimentícios que estão incorporados nas compras públicas serão mais fáceis de resolver e também de buscar novos mercados para exportação. O setor industrial tem uma dificuldade maior, porque existem especificações técnicas desses produtos que são fabricados para o mercado especificamente norte-americano. Então, o processo de readaptação demanda tempo”, disse Uallace Moreira, secretário do Ministério de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), que participa das discussões do plano de socorro às empresas.
Os Ministérios da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário também concordam com a avaliação.
“O que nós identificamos é que, ao contrário do que imaginávamos no início, boa parte desses produtos [alimentícios] já está sendo redirecionada. E aqueles que ainda não foram redirecionados, nós já estamos preparados, por meio do programa Brasil Soberano” — ou seja, o plano de ajuda às empresas afetadas —, disse Fernanda Machiavelli, secretária-executiva do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) argumenta que, embora a China seja o principal parceiro comercial do Brasil como um todo, os Estados Unidos são o maior comprador de bens da indústria de transformação brasileira. Isso porque a China compra majoritariamente commodities.
Por isso, a indústria nacional, que já dava sinais de perda de fôlego diante da alta taxa de juros e da competição com produtos importados, poderá sofrer forte impacto com o tarifaço, afirma a entidade.
Alimentos
Grãos de café conilon, Espírito Santo
Reprodução/TV Gazeta
A Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas) confirmou que os contratos de venda de mangas para os Estados Unidos estão sendo mantidos. Os norte-americanos vão testar no mercado como será o comércio de manga com preço mais elevado. Porém, não procuraram outros países fornecedores da fruta, concorrentes do Brasil.
Na avaliação do governo, após os relatos dos primeiros dias do tarifaço, o comércio global depende de produtos agropecuários brasileiros. Assim, se os EUA não comprarem, boa parte desses itens será demandada por outros países.
No caso do café, integrantes desses ministérios afirmam que a produção mundial está abaixo da demanda. Por isso, o comércio global poderá se reajustar sem o Brasil perder espaço.
Empresários do setor, no entanto, defendem que os Estados Unidos, maior consumidor de café do mundo, são insubstituíveis. Para eles, a tarifa de 50% inviabiliza exportações e o governo deve insistir em negociações para excluir o café da sobretaxa.
No mercado de carne bovina, as vendas para os Estados Unidos estão em forte expansão — quase o dobro no acumulado do primeiro semestre em relação ao mesmo período de 2024. O Brasil vende principalmente carne magra para ser misturada na fabricação de hambúrguer.
A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) afirma que o tarifaço causa perda de competitividade e também defende negociação para redução da alíquota.
Pacote de socorro
No agronegócio, o governo mantém preocupação com setores específicos, como o de pescado, e com pequenos produtores de alimentos que fazem parte da cadeia exportadora — vendem para grandes empresas que, por sua vez, exportam para os Estados Unidos.
Quase todas as medidas anunciadas na semana passada para socorrer empresários afetados pelo tarifaço ainda não entraram em vigor. Dependem de atos e regras dos ministérios ou da aprovação de projeto de lei no Congresso Nacional.
O governo pretende começar a destravar essas ações ainda nesta semana. O primeiro passo será uma reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), que definirá regras para acessar a linha de crédito mais barato, de cerca de R$ 30 bilhões.
Após essa decisão, será preciso aguardar alguns dias para que os empréstimos comecem a ser concedidos — período necessário para adaptações técnicas.
As garantias para empréstimos a pequenas empresas exportadoras ainda dependem de projeto de lei, ou seja, de tramitação no Congresso.
Também falta o governo publicar as regras para as compras públicas — pela União, estados e municípios — de produtos perecíveis.
Devem entrar nessa medida as compras de mel, castanha-do-brasil sem casca, castanha de caju, uva, manga, açaí e pescado, como tilápia.
A ideia é comprar parte da produção que não for exportada aos EUA, redirecionada a outros países ou absorvida pelo mercado interno.
Fonte: G1 Read More