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27/06/2023Comissão do Senado aprova convite a Campos Neto para falar sobre taxa de juros
27/06/2023 O comunicado do Copom, divulgado na semana passada, seguia essa linha de maior cautela. O que levou o Banco Central a ser alvo mais uma vez de críticas, desta vez com o ingresso do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no coro. Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto
Pedro França/Agência Senado
A ata da reunião do Banco Central, divulgada na manhã desta terça-feira (27), abre espaço para a queda dos juros já em agosto, analisam economistas, ex-diretores do Banco Central e integrantes da equipe econômica. O Copom também manda recado para reunião do Conselho Monetário Nacional na quinta, afirmando que mudança na meta de inflação pode segurar flexibilização da política monetária.
Alguns trechos do texto chamaram a atenção tanto do mercado quanto do governo. Especificamente o item 19 da ata, que expõe a divergência entre os 9 integrantes do Comitê de Política Monetária sobre a queda dos juros.
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“Nesse debate, observou-se divergência no Comitê em torno do grau de sinalização em relação aos próximos passos”, destacou a ata. Segundo o texto, um grupo destaca que “a continuação do processo desinflacionário em curso, com consequente impacto sobre as expectativas, pode permitir acumular a confiança necessária para iniciar um processo parcimonioso de inflexão na próxima reunião”. Outro grupo, mais cauteloso, afirmou que “é necessário observar maior reancoragem das expectativas longas e acumular mais evidências de desinflação nos componentes mais sensíveis ao ciclo”.
Três diretores do Banco Central são apontados hoje com as vozes mais “cautelosas”. Eles se manifestaram publicamente, nas últimas semanas, sobre os riscos de uma queda de juros, algo considerado inusual, o que foi interpretado pelo governo como um recado do presidente do Copom, Roberto Campos Neto, que sofre pressão para a queda da taxa, hoje em 13,75%.
O comunicado do Copom, divulgado na semana passada, seguia essa linha de maior cautela. O que levou o Banco Central a ser alvo mais uma vez de críticas, desta vez com o ingresso do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no coro – Haddad era uma das vozes que contemporizavam com Campos Neto. O comunicado não apontava as vozes dissonantes internas, que agora aparecem na ata.
A decisão da semana passada fez aumentar a pressão política em Campos Neto. Senador ouvidos pelo blog elogiam o presidente do BC, mas dizem que se os juros forem mantidos em 13,75% em agosto a sustentação política dele ficará frágil. A ata divulgada hoje, no entanto, traz um respiro para Campos Neto, deixando mais provável um cenário de corte de 0,25 ponto percentual.
Também houve críticas, inclusive de ex-diretores, sobre a comunicação do Banco Central, justamente por causa da divergência de tons entre ata, hoje, e comunicado, semana passada. A ata é mais leve, e o comunicado mais duro. Na avaliação de alguns economistas ouvidos pelo blog, o BC já deveria trazer no comunicado a possibilidade de flexibilização que vem na ata.
Em outro ponto, destacado pelos analistas, a ata fala da importância de ancorar as expectativas à meta para que haja queda dos juros. Seria um recado para que não haja alteração da meta de inflação.
Na quinta-feira, haverá reunião do Conselho Monetário Nacional, quando será definida a meta de 2026. As metas de 2024 e 2025, hoje em 3%, também poderiam ser alteradas para cima, caso haja maioria (votam os ministro da Fazenda e do Planejamento e o presidente do BC), embora uma mudança seja o cenário hoje menos provável.
“As expectativas de inflação apresentaram algum recuo, mas seguem desancoradas, em parte em função do questionamento sobre uma possível alteração das metas de inflação futuras. O Comitê avalia que decisões que reancorem as expectativas podem levar a uma desinflação mais célere.”
Diz ainda a ata: “Nesse contexto, o Comitê reforça que decisões que induzam à reancoragem das expectativas e que elevem a confiança nas metas de inflação contribuiriam para um processo desinflacionário mais célere e menos custoso, permitindo flexibilização monetária.”
Alguns economistas, no entanto, avaliam que o comunicado, embora mais suave, já deixava a porta aberta para a queda e mostrava uma mudança de estratégia. A ata, agora, só intensificaria esse movimento, com o BC dando um pouco mais de detalhes e apontando para uma maioria dos membros a favor do corte em agosto.
Também chamou a atenção o aumento da estimativa da taxa de juros neutra (aquela em que a economia não acelera nem freia). “Em seguimento ao amplo debate e acúmulo de evidência ao longo das últimas reuniões, o Comitê optou por elevar a estimativa de taxa de juros real neutra de 4,0% a.a. para 4,5%”, declarou o Copom na ata, em seu item 6. Isso aponta para a possibilidade de o país conviver com juros mais altos – com consequentes impactos no desemprego.
Sobre o arcabouço, o Copom destaca a importância da aprovação, embora faça ressalvas. “A apresentação e a tramitação do arcabouço fiscal reduziram substancialmente a incerteza em torno do risco fiscal”, afirma a ata, que então traz a seguinte ponderação: “O Copom novamente enfatizou que não há relação mecânica entre a convergência de inflação e a aprovação do arcabouço fiscal, uma vez que a trajetória de inflação segue condicional à reação das expectativas de inflação e das condições financeiras.”
A ata também trata do crescimento do PIB, atrelado ao no agro, e das pressões inflacionárias: “Nota-se um ritmo de crescimento moderado na margem, com exceção do forte crescimento do setor agropecuário. De todo modo, antecipa-se que, passado esse maior crescimento da agropecuária no primeiro trimestre, em função da sazonalidade da safra, o processo de moderação do crescimento nos setores mais cíclicos da economia se aprofundará ao logo dos trimestres seguintes.”
Fonte: G1 Read More